31.05.2016 Views

ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

migos dos falangistas e colocado sua Jesusa e as meninas no<br />

centro do furacão. Mesmo assim pediu abrigo para pernoitar.<br />

O amigo aceitou recebê-lo em casa, mas o aconselhou a sumir.<br />

Quanto mais distante estivesse, menos risco causaria aos<br />

demais. Crisantos nem conseguiu pregar os olhos refletindo<br />

sobre tudo. Deixaria quem mais amava sem ao menos poder<br />

se despedir. Ou avisar sobre sua decisão. Os questionamentos<br />

não foram maiores do que a opinião do amigo. No outro<br />

dia foi embora, para nunca mais voltar.<br />

A tentativa de fugir e poupar a família não durou muito. Quatro<br />

dias depois da fuga, Crisantos foi capturado pelos militares<br />

franquistas e levado ao quartel da Guarda Civil de Guijuelo.<br />

As barbaridades que sofreu durante os dezesseis dias<br />

em que esteve com os falangistas provavelmente nunca serão<br />

divulgadas. Crisantos não teve oportunidade de falar com<br />

ninguém de sua família nesse período. Mas, ainda que tenha<br />

sofrido as inimagináveis crueldades recorrentes em períodos<br />

de guerra, é certo que ele se manteve fiel aos seus ideais e<br />

não disse uma palavra sequer que pudesse comprometer sua<br />

família ou seus amigos. A lealdade era uma afronta às ordens<br />

de Franco e resultava em prisão ou morte. No dia 28 de agosto,<br />

Crisantos e outros dois homens que também haviam sido<br />

detidos entraram em um caminhão, que, aparentemente, iria<br />

em direção à Prisão Provincial de Salamanca.<br />

120

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!