ECOS DO TIRO NA PRACA
Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.
Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.
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Mas o destino final chegou antes. Pelo menos para Crisantos e<br />
os companheiros. Na metade do caminho, o veículo parou e os<br />
três prisioneiros obedeceram uma ordem do motorista para descerem.<br />
Estavam em um terreno baldio no povoado de Martinamor.<br />
Os oficiais não levaram muito tempo, e, sem piedade, assassinaram<br />
brutalmente o pai de Emília e os outros dois presos.<br />
Os militares retornaram ao caminhão, que seguiu viagem. Os<br />
três cadáveres foram recolhidos apenas no outro dia por outro<br />
grupo de militares responsável por retirar e enterrar os corpos<br />
em uma vala comum no cemitério de Martinamor.<br />
Na casa da tia, onde estavam Jesusa e as meninas, o clima era<br />
de pânico. Todas estavam desesperadas, ansiosas por notícias<br />
de Crisantos. A decisão do pai de Emília de não retornar<br />
quando percebeu a presença dos falangistas foi assertiva, mas<br />
não conseguiu evitar o pior. Os militares realmente foram<br />
procurá-lo naquela noite e deixaram o recinto quando se certificaram<br />
de que ele não estava ali.<br />
Mas na madrugada de 9 de agosto, enquanto Crisantos refletia<br />
sobre sua decisão de fugir, os militares retornaram à casa<br />
da tia-avó de Emília. Assim que ouviram as batidas na porta,<br />
correram na esperança de encontrar Crisantos. Mas logo perceberam<br />
que eram os militares de volta. A frustração durou<br />
menos de um minuto e foi transformada em horror. Perceberam<br />
que os oficiais não vieram buscar o pai, e sim, a mãe.<br />
Emília Rodriguez Fernandez • 121