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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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interrogados, torturados psicológica e fisicamente, e submetidos<br />

a humilhações caso não delatassem outros suspeitos.<br />

Logo após a partida do marido, Remedios começou a cronometrar<br />

o tempo no relógio. Aos olhos da esposa, os ponteiros<br />

marcavam os segundos e minutos cada vez mais devagar.<br />

Por volta das 15h, depois de improvisar um almoço para os<br />

meninos, ela decidiu ir à casa do irmão mais velho do marido,<br />

Benigno, com um sanduíche que havia preparado para o<br />

esposo caso ele estivesse com fome na delegacia. O cunhado<br />

insistiu que levaria a merenda em seu nome, pois reconhecia<br />

que aquele não era um ambiente para uma mulher e queria<br />

poupá-la de qualquer trauma possível.<br />

Benigno não pode ver o irmão na delegacia, mas asseguraram<br />

que entregariam seu lanche. Também lhe disseram que<br />

Juan continuaria detido pelo menos até o dia seguinte e sugeriram<br />

que o irmão também trouxesse algo para ele jantar. No<br />

final da tarde, Benigno voltou com a refeição, e novamente,<br />

tentou, sem sucesso, ver Juan. Ao questionar o motivo, foi<br />

tranquilizado por um oficial que comentou que deveriam estar<br />

trabalhando para a liberação do irmão.<br />

Na manhã seguinte, Benigno foi levar o café da manhã<br />

preparado cuidadosamente por Remedios e também foi<br />

impedido de vê-lo. Outro policial disse que estavam es-<br />

Luís Calvo Rengel • 47

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