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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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nos cômodos daquela casa, sempre repletos de adultos com<br />

caras preocupadas.<br />

Três semanas depois da mudança, na noite de 8 de agosto de<br />

1936, antes do jantar ser servido, Crisantos resolveu sair para<br />

caminhar um pouco. Estava preocupado com o futuro e precisa<br />

organizar as ideias. Quase quarenta minutos depois, sabia que a<br />

família já o aguardava sentada à mesa e achou prudente tomar<br />

o rumo de volta. A poucos metros da rua da tia ouviu um som<br />

que o fez arrepiar. Um carro do exército se aproximava repleto<br />

de jovens que cantavam entusiasmados o hino da Falange:<br />

¡España una!<br />

¡España grande!<br />

¡España libre!<br />

¡Arriba España!<br />

Ficou paralisado. Segundos intermináveis passaram e movido<br />

por uma ação quase mecânica, deu meia-volta e seguiu<br />

pelo caminho contrário ao dos militares. Com medo de ser<br />

seguido, começou a andar sem olhar para trás. Quando se<br />

deu conta, estava diante da casa de um conhecido que morava<br />

na região. Crisantos sabia que não poderia permanecer por<br />

ali muito tempo pois era procurado e poderia comprometer<br />

a vida de outras pessoas. Era culpa demais para carregar. Já<br />

vinha se sentindo muito mal por ter entrado no rol de ini-<br />

Emília Rodriguez Fernandez • 119

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