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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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conheciam Josefa, Tomás e Gloria desde bebês, tinham criado<br />

um carinho pelas crianças e aceitaram cuidar delas enquanto<br />

a mãe trabalhava para sustentá-las. Os laços que haviam<br />

criado não foram dissolvidos quando Emília decidiu ir<br />

morar com o tio e irmã.<br />

Emília era jovem e ao mesmo tempo muito experiente. Aos<br />

27 anos, estava diante de outro caminho que já parecia estar<br />

cheio de espinhos. Ficar longe dos filhos para que eles<br />

tivessem o que comer. Sentiu a dor de ficar sozinha novamente,<br />

e, dessa vez mais intensa: sabia que Josefa, Tomás<br />

e Gloria sentiam o mesmo. Ela não via outra opção, e, na<br />

plataforma da estação de Salamanca esperou o trem para<br />

embarcar a Madri. Obviamente não queria deixar os filhos,<br />

mas ficou sabendo que a cidade espanhola oferecia mais<br />

oportunidades no momento em que grande parte dos espanhóis<br />

estava desempregada. Além do que, foi onde conseguiu<br />

uma casa para morar. Vivia de favor num quartinho<br />

de um primo de Daniel e Gloria que aceitou abrigar Emília<br />

durante um tempo. Na casa também moravam a esposa e<br />

dois filhos, um menino e uma menina.<br />

Poucos dias depois de chegar à capital espanhola, Emília<br />

já estava trabalhando como atendente de um restaurante.<br />

Mesmo com muitas tarefas para fazer, a saudade dos filhos<br />

se manifestava a qualquer hora do dia e, em nenhum<br />

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