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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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víncia de Salamanca, Eduardo avisou a esposa que começaria<br />

seu trabalho às cinco horas da manhã, duas horas mais cedo<br />

do que de costume. Era a forma de evitar o calor insuportável<br />

do verão, que beirava os 40°C. Buscar uma ocupação era<br />

também uma maneira de se livrar dos pensamentos sobre a<br />

guerra iminente da qual tanto comentavam os outros funcionários<br />

que se reuniam na Casa del Pueblo. Eduardo, ocasionalmente,<br />

frequentava o sindicato aberto aos operários para<br />

ficar a par das notícias, mas não tomava partido.<br />

Antes de o sol raiar, já estava quase finalizando os testes de<br />

pontos de luz espalhados para iluminar a plantação de hortaliças,<br />

e se preparava para reparar os que estavam falhando.<br />

Por volta das dez horas, Pepe obedeceu à ordem de sua mãe e<br />

seguiu a estrada de terra batida até o campo para levar o café<br />

da manhã ao pai. Eduardo viu uma oportunidade de desfrutar<br />

de um momento a sós com seu primogênito e fez uma<br />

pausa. Sentou-se ao lado do filho em uma tábua de madeira<br />

sustentada por tijolos que servia como banco. Enquanto o<br />

pai descansava seu olhar no verde da paisagem, o menino,<br />

ainda sem altura suficiente para encostar os pés no chão, balançava<br />

as pernas e observava os sinais de preocupação que<br />

roubavam o sorriso, sempre presente, do rosto de seu pai.<br />

Com pouco apetite, Eduardo disse a Pepe:<br />

– Não estou me sentindo muito bem, pode terminar meu<br />

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