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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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Emília não conheceu a Cidade Luz dos cartões-postais. Os<br />

diversos trabalhos lhe tomavam o tempo todo e mal lhe<br />

deixavam prestar atenção nos belos cenários, que ficam<br />

ainda mais deslumbrantes com a iluminação noturna. Enquanto<br />

caminhava pelas ruas, indo de um emprego a outro,<br />

observava aqueles que podiam aproveitar o luxo da capital<br />

francesa e imaginava como seria ter aquela vida. “Paris eu<br />

conheço como a palma da minha mão, menos o cinema e<br />

essas coisas. Até tinha dinheiro para ir, mas não tinha tempo<br />

para me divertir”.<br />

Sua única diversão era o rádio. Um mês antes de Emília completar<br />

34 anos, em novembro de 1960, Edith Piaf gravou<br />

pela primeira vez a música Non, Je Ne Regrette Rien. No<br />

rádio da casa de um de seus patrões, Emília escutou a trilha<br />

que falava sobre passado e futuro, perdas e ganhos, arrependimentos<br />

e vitórias. Assim como a cantora francesa, ela não<br />

lamentava nada de sua vida. Lutou para não se deixar levar<br />

pelo ritmo de suas frustações e fez o que pode para criar<br />

amor onde pensava que jamais poderia existir. A bela canção<br />

expressava os ideais de liberdade ensinados por seus pais,<br />

vítimas de Franco.<br />

A França fazia parte de sua vida agora, mas a Espanha<br />

ainda dominava o coração de Emília. Apesar de tudo, do<br />

outro lado da fronteira estava seu lar. Em 1965, retornou a<br />

Emília Rodriguez Fernandez • 147

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