31.05.2016 Views

ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A refeição servida das 12h às 13h e das 20h às 21h, era basicamente<br />

a mesma: legumes, batata ou arroz, pão, e às vezes,<br />

bacalhau ou arenque. Sortudos eram os dias que havia carne<br />

ou alguma fruta. O estômago de Juan e de seus companheiros<br />

não estava acostumado à comida servida na prisão, tão<br />

diferente dos ensopados de suas esposas ou das carnes guisadas<br />

de suas mães. Mas comiam para preencher o vazio que<br />

sentiam e sustentar o corpo vivo com a esperança de que um<br />

dia retornariam a suas famílias.<br />

Na maior parte do tempo, estavam encarcerados, o ambiente<br />

era preenchido por um silêncio ensurdecedor, interrompido<br />

apenas pela tosse frequente dos presos que sofriam de tuberculose.<br />

O frio que começava a entrar pelas frestas da janela<br />

no final de setembro, junto à pouca luz que não era suficiente<br />

para esquentar a cela sem calefação, também agravavam as<br />

condições. Os homens doentes transpiravam e a febre era<br />

mais uma forma de delirar naquele lugar. De imaginar que<br />

estavam em casa ao lado da família, de voltar ao tempo em<br />

que eram felizes ou de sonhar com uma sociedade em que a<br />

liberdade era um direto de todos. Quando retomavam a razão,<br />

os presos questionavam os porquês de estarem naquela<br />

situação. A incerteza ameaçava a consciência a cada tilintar<br />

do bastão dos guardas nas grades da prisão. Teriam tomado a<br />

decisão certa? Valia a pena passar por todo aquele sofrimento?<br />

O que há de errado em lutar pela liberdade, pelo que se<br />

54

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!