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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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Em seguida, foi trabalhar na residência de um casal de<br />

russos, donos de muitos hotéis na capital francesa. Eles<br />

contavam com muitos funcionários imigrantes que dispunham<br />

de casinhas com um quarto, uma salinha, um banheiro<br />

e uma cozinha. Os patrões até traziam caviar da<br />

Rússia para Emília, que nunca conseguiu gostar das ovas<br />

de esturjão, consideradas uma das iguarias mais caras do<br />

planeta. Havia dias que ela acordava pela manhã e via a<br />

montanha de dinheiro recolhida nos restaurantes dos hotéis<br />

no dia anterior em cima da mesa da sala. Ficava enlouquecida.<br />

“Não deixem todo esse dinheiro na mesa!”, dizia.<br />

“E se alguém entrar na casa? Vocês não me conhecem.<br />

Guardem o dinheiro no quarto e em um cofre”. Uma pequena<br />

parte daquele montante seria mais que suficiente<br />

para resolver as dificuldades de muitos imigrantes como<br />

ela. Os patrões nem dariam falta de alguns francos. Mas,<br />

Emília sabia que não era certo pegar um pedaço de pão<br />

sequer sem antes pedir. Passou quase um ano trabalhando<br />

para o casal. Por alguns meses, também foi passadeira em<br />

uma lavanderia, onde teve a oportunidade de aprender a<br />

usar uma máquina de lavar roupa, uma novidade na Europa<br />

na época.<br />

Tinha ainda mais trabalho todas as noites. Era quando limpava<br />

todo o segundo andar de um edifício comercial no Boulevard<br />

Marseille até as 20h. Enquanto se desdobrava para che-<br />

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