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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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pequenas estivessem à mesa. Eram dois quartos alinhados em<br />

um corredor, o dos pais e outro dividido pelas irmãs. Havia<br />

ainda uma salinha de estar, que, principalmente nos meses antes<br />

do fatídico 19 de julho de 1936, recebia discussões entusiasmadas<br />

de adultos que idealizavam um país melhor. Eram<br />

nelas e em milhares de outras crianças que eles pensavam para<br />

tentar trilhar novos planos. Naquela época, aos nove anos, era<br />

cedo para distinguir o que era felicidade, mas quando olha para<br />

o passado, Emília reconhece que aquele cenário emanava paz,<br />

sensação que foi destruída pela guerra.<br />

A família foi morar naquela casa em Guijuelo em 1930. Além<br />

de acompanharem Crisantos, que era advogado e havia sido<br />

transferido para um cargo no Tribunal de Justiça no povoado,<br />

a expectativa era a de substituir a movimentação da capital<br />

– e Madri já era bem agitada na época –, para garantir mais<br />

tranquilidade e segurança para criar as filhas. Conseguiram<br />

alugar uma casa bem próxima ao novo emprego do pai, que<br />

ficava na rua Alfonso XIII, número 2.<br />

De fato, durante quatro anos, a rotina acompanhou a calmaria<br />

da cidade. Pelo desejo da mãe, católica e praticante, Emília<br />

e Concepción frequentavam o colégio de freiras do bairro.<br />

Aprenderam a rezar o Pai Nosso e a Ave Maria antes mesmo<br />

de saberem ler e escrever. Ali também começaram a usar agulha<br />

e linha. Começaram pregando botões e logo já estavam<br />

Emília Rodriguez Fernandez • 113

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