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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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Todos sabiam o que isso significava. Admitir os pecados em<br />

vida para enfrentar a morte em seguida. Antes de ser acorrentado,<br />

Juan despediu-se de Juan Sáez Casado, Alberto Martín<br />

Prieto e Martín Vallejo Casado, os prisioneiros da cela<br />

que, por pura sorte do destino, não haviam sido chamados:<br />

– Até a eternidade, companheiros.<br />

Em silêncio e em ordem, os quatro detentos deixaram a cela<br />

rumo à capela. Assim que entraram, o diretor da cadeia, que<br />

os esperava, avisou:<br />

– Senhores, em algumas horas vocês estarão sozinhos de<br />

frente para a morte. Quem quiser deixar o orgulho de lado e<br />

fazer as pazes com Deus, aqui está o padre – disse apontando<br />

para o religioso.<br />

Nem todos eram ateus, então admitiram seus pecados e rezaram<br />

o Pai Nosso pela última vez. Todos entendiam que só<br />

Deus ou o Franco poderia salvá-los daquele triste fim, mas<br />

Juan e muitos outros prisioneiros que se negaram a desculpar-se<br />

por lutar pelo que acreditavam, pensavam que nenhuma<br />

das duas autoridades parecia se importar.<br />

Terminada a missa, o diretor voltou à capela para informarlhes<br />

que durante a noite não lhes faltaria café, papel e lápis<br />

Luís Calvo Rengel • 57

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