31.05.2016 Views

ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Emília. Juntos, assistimos a um ritual póstumo em que os<br />

nomes das vítimas e a forma como morreram eram relembrados<br />

enquanto panos brancos eram colocados no chão,<br />

uma maneira de simbolizar o enterro que muitas famílias não<br />

puderam realizar.<br />

Um obelisco e uma parede repleta de registros das pessoas<br />

assassinadas durante o regime franquista dão formas ao<br />

memorial, que naquele dia ganhou uma escultura comemorativa.<br />

Quem ali estava para rememorar seus entes queridos<br />

depositou cravos vermelhos sobre a escultura. Nesse cenário,<br />

Luísa me apresentou meus primeiros personagens. A responsável<br />

pela associação também me colocou frente a frente<br />

com Pepe pouco antes do meu retorno ao Brasil.<br />

Cada encontro com o trio foi especial e surpreendente para<br />

mim. Abrir o coração para uma desconhecida, sobretudo uma<br />

jovem niña brasileira que pouco sabia sobre a vida naquela<br />

época e a cultura enraizada na Espanha, não deve ter sido uma<br />

decisão fácil para eles − ainda mais se considerarmos as décadas<br />

que os espanhóis optaram manter as atrocidades do regime<br />

franquista em silêncio. No entanto, superaram qualquer<br />

dificuldade e me receberam para contar histórias extraordinárias<br />

regadas por lágrimas, mas que cultivam amor, esperança,<br />

superação e conquistas. As lições que aprendi nessas conversas<br />

foram muito mais edificantes do que podem imaginar.<br />

27

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!