21.03.2017 Views

A Etica Protestante E o Espirit - Max Weber

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

epresentantes daquela disposição interiormente já emancipada da eclesialidade<br />

tradicional e, a despeito de todo vínculo com a ética cristã vigente, amplamente<br />

orientada em sentido “pagão” bem ao gosto da Antiguidade, disposição essa que<br />

Brentano pôs na cabeça que “eu teria ignorado” em sua significação para o<br />

desenvolvimento da doutrina econômica moderna (bem como da política econômica<br />

moderna). Ora, está plenamente correto eu não tratar aqui dessa série causal: num<br />

estudo sobre a “ética protestante e o espírito do capitalismo” ela não tem o menor<br />

cabimento. Como se mostrará noutra oportunidade, longe de negar sua significação, por<br />

boas razões eu era e sou da seguinte opinião: a esfera de sua eficácia assim como a<br />

direção de sua eficácia eram totalmente diversas das da ética protestante (cujos<br />

precursores nada irrelevantes em termos práticos foram as seitas e a ética de Wyclif e<br />

Huss). O que ela influenciou não foi a conduta de vida (da burguesia nascente), mas sim:<br />

a política dos estadistas e dos príncipes, e essas duas séries causais, convergentes em<br />

parte mas não em todos os pontos, devem num primeiro tempo ser limpidamente<br />

separadas uma da outra. No que tange a Benjamin Franklin, seus tratados de economia<br />

privada — a seu tempo usados como leitura escolar na América — fazem parte por isso<br />

mesmo da categoria que exerceu influência sobre a práxis de vida, ao contrário da<br />

volumosa obra de Alberti, que mal se tornou conhecida fora do círculo dos eruditos. E<br />

ainda por cima, Franklin é citado expressamente por mim por ser um homem situado<br />

para além da regulamentação de vida puritana, que entrementes já desbotara, do<br />

mesmo modo que a “Ilustração” inglesa em geral, cujas relações com o puritanismo<br />

foram mostradas tantas vezes, já o ultrapassara.]<br />

35. [Infelizmente Brentano (op. cit.) começa por meter no mesmo saco toda espécie de<br />

ambição de ganho (não importa se bélico ou pacífico) e aponta então como traço<br />

específico da ambição de ganho “capitalista” (em oposição à feudal, por exemplo) apenas<br />

a orientação para o dinheiro (e não mais para a terra); e além de recusar qualquer outra<br />

distinção — sem o que fica impossível chegar a conceitos claros — faz ainda uma<br />

afirmação (p. 131) que me é incompreensível: que o conceito de “espírito” do capitalismo<br />

(moderno!) elaborado para os fins da presente pesquisa tomaria já em seus<br />

pressupostos o que deve ser demonstrado.]<br />

36. Ver os comentários de Sombart, pertinentes em todos os aspectos, Die deutsche<br />

Volkswirtschaft im neunzehnten Jahrhundert (p. 123). Aliás, nem é preciso sublinhar — se<br />

bem que os estudos a seguir remontem em [todos os] seus pontos de vista [decisivos] a<br />

trabalhos muito mais antigos — o quanto [em sua formulação] eles devem ao mero<br />

fato da existência dos grandes trabalhos de Sombart com suas atiladas formulações,<br />

mesmo – e precisamente – onde enveredam por caminhos outros. Mesmo quem sempre<br />

se sentiu instigado a contradizer decididamente as opiniões de Sombart e a refutar<br />

diretamente algumas de suas teses tem o dever de as levar na devida conta.<br />

37. Não enfrentaremos aqui, naturalmente, a questão de saber onde se localizam tais<br />

limites, assim como não vamos tomar posição quanto à famosa teoria do nexo entre<br />

alto salário e alta produtividade do trabalho apresentada de início por Brassey,<br />

formulada e defendida em termos teóricos por Brentano e, em termos históricos e ao

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!