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formulado assim, sempre com as inevitáveis reservas: — o capitalismo judaico era:<br />
capitalismo-pária especulativo; o puritano: organização burguesa do trabalho.]<br />
253. A verdade da Sagrada Escritura para Baxter deriva, em última instância, da<br />
“wonderful difference of the godly and ungodly” {maravilhosa diferença entre o pio e o<br />
ímpio}, da absoluta disparidade entre o “renewed man” {homem renovado} e os demais,<br />
e do cuidado obviamente especialíssimo de Deus pela salvação das almas dos seus<br />
(cuidado que também pode se expressar em forma de “provas”, naturalmente) (Christ.<br />
Dir., I, p. 165, col. 2 marg.).<br />
254. Basta ler como caracterização disso o jeito sinuoso com que o próprio Bunyan —<br />
em quem de resto nos acontece encontrar uma ou outra semelhança com a<br />
mentalidade da Liberdade de um cristão de Lutero (por exemplo em On the Law and a<br />
Christian, W. of Pur. Div., p. 254 infra) — aborda a parábola do fariseu e do publicano<br />
(veja-se o sermão The Pharisee and the Publican, op. cit., pp. 100ss.). Por que o fariseu é<br />
condenado? Na verdade ele não guarda os mandamentos de Deus, pois é claramente<br />
um sectário que só cuida de pormenores superficiais e cerimônias rituais (p. 107); mas<br />
antes de tudo porque ele se atribui méritos pessoais, e mesmo assim, “como fazem os<br />
quakers”, agradece a Deus por sua virtude (usando-Lhe pois o nome em vão),<br />
manipulando-a pecaminosamente em seu proveito (p. 126) e dessa forma negando<br />
implicitamente a predestinação divina (pp. 139ss.). Sua oração é, portanto, divinização da<br />
criatura, e nisto ela é um pecado. — Do outro lado, o publicano está interiormente<br />
regenerado, como atesta a sinceridade de sua profissão de fé, pois, conforme está dito<br />
numa versão puritana que atenua de forma característica o sentimento de pecado<br />
luterano: “to a right and sincere conviction of sin there must be a conviction of the probability<br />
of mercy” {“para uma convicção correta e sincera do pecado, deve haver uma convicção<br />
da probabilidade do perdão”} (209).<br />
255. Reproduzido por exemplo nos Constitutional Documents de Gardiner. Essa luta<br />
contra a ascese [(hostil à autoridade)] pode ser comparada à perseguição comandada<br />
por Luís XIV contra Port-Royal e os jansenistas.<br />
256. Nesse aspecto a postura de Calvino era no essencial mais moderada, ao menos<br />
no que dizia respeito às formas aristocráticas mais refinadas de gozo da vida. O único<br />
limite é a Bíblia: quem se atém a ela e mantém boa consciência não precisa suspeitar<br />
com receio de toda pulsão de gozo da vida. Os argumentos referentes a isso no capítulo<br />
X da Institutio christiana (por exemplo: nec fugere ea quoque possumus quae videntur<br />
oblectationi magis quam necessitatio inservire {“nem podemos fugir daquelas coisas que<br />
parecem servir mais à diversão do que à necessidade”}) poderiam por si sós ter<br />
arrombado a porta para uma práxis das mais laxas. Aqui, ao lado de uma angústia<br />
crescente com relação à certitudo salutis, no caso dos epígonos também se fez valer um<br />
outro fator — que será abordado mais tarde [noutro lugar] — a saber: no campo da<br />
ecclesia militans foram os pequeno-burgueses que se fizeram portadores do<br />
desenvolvimento ético do calvinismo.<br />
257. Th. Adams (Works of the Pur. Div., p. 3), por exemplo, inicia um sermão sobre “the<br />
three divine sisters” (“A caridade, no entanto, é a maior das três”), lembrando que Páris