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também estendera o pomo a Afrodite!<br />
258. Romances e coisas do gênero não devem ser lidos por serem wastetimes<br />
{passatempos} (Baxter, Christ. Dir., I, p. 51, col. 2). — É conhecida a atrofia da lírica e da<br />
canção popular, e não só do drama, após o período elisabetano na Inglaterra. Nas artes<br />
plásticas, o puritanismo talvez não tenha achado grande coisa a reprimir. Mas o que<br />
surpreende mesmo é o declínio do talento musical, pelo visto admirável até então (já<br />
que o papel da Inglaterra na história da música não foi insignificante), dando lugar<br />
àquele nada absoluto que mais tarde e ainda hoje se faz notar nos povos anglo-saxões.<br />
Na América, salvo nas igrejas dos negros — e da parte daqueles cantores profissionais<br />
que agora as igrejas contratam como attractions (na Trinity Church, em Boston, por 8 mil<br />
dólares anuais em 1904) —, o que se ouve o mais das vezes a título de “canto coral” é<br />
uma gritaria insuportável para ouvidos alemães (fatos análogos são em parte observáveis<br />
também na Holanda).<br />
259. [Assim também na Holanda, como dão testemunho as atas dos sínodos (ver as<br />
deliberações sobre a “árvore de maio” na coleção de Reitsma’ schen, VI, 78, 139 etc.).]<br />
260. Parece natural que a “renaissance” do Antigo Testamento” [e a inclinação pietista<br />
por certas formas de sensibilidade cristã hostis à beleza na arte, as quais em última<br />
instância são tributárias do Dêutero-Isaías e do Salmo 22(21)], devem ter contribuído<br />
para aumentar a possibilidade de que o feio se fizesse objeto de arte e que a rejeição<br />
puritana da divinização da criatura também desempenhasse o seu papel. Mas todo<br />
detalhe parece ainda incerto. Na Igreja romana, motivos os mais diversos (até mesmo<br />
demagógicos) ensejaram fenômenos aparentados na superfície, embora com resultado<br />
artístico totalmente distinto. Quem para diante do Saul e Davi de Rembrandt [exposto no<br />
Mauritshuis] imediatamente acredita sentir o poderoso efeito da sensibilidade puritana.<br />
A brilhante análise que Carl Neumann faz em seu Rembrandt das influências culturais<br />
holandesas dá bem a medida do que no momento se pode saber dos eventuais impactos<br />
positivos e fecundos que o protestantismo ascético possa ter tido na esfera da arte.<br />
261. Na Holanda, a penetração relativamente menor da ética calvinista na práxis vital<br />
e o enfraquecimento do espírito ascético já desde o início do século XVII mas sobretudo<br />
sob o stathouder Frederico Henrique (os congregacionalistas ingleses foragidos em 1608<br />
para a Holanda ficaram chocados com o descaso holandês pelo repouso dominical) e a<br />
parca potência expansiva do puritanismo holandês de modo geral deveram-se a causas<br />
múltiplas, impossíveis de esmiuçar aqui. Em parte deveram-se também à constituição<br />
política (uma confederação de cidades e províncias particularistas) e à escassa<br />
capacidade militar de resistência (cedo a guerra da Independência foi conduzida<br />
essencialmente com o dinheiro de Amsterdã e tropas mercenárias: os pregadores ingleses<br />
evocavam o exército holandês quando queriam ilustrar a confusão babélica das línguas).<br />
O envolvimento na luta religiosa foi assim transferido em boa parte a estrangeiros, e<br />
com isso a participação no poder político também ficou comprometida. O exército de<br />
Cromwell, ao contrário, sentia-se como um exército de cidadãos, se bem que em parte o<br />
recrutamento fosse compulsório. (Ainda mais característico é o fato de que justamente<br />
esse exército adotasse em seu programa a supressão do serviço militar obrigatório, pois só