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41. [A Confissão de Westminster (XVIII, 2) também acena aos eleitos com a certeza<br />
infalível da graça, embora nós, em todos os nossos afazeres, não passemos de “servos<br />
inúteis” (XVI, 2), e ainda que dure a vida inteira a luta contra o mal (XVIII, 3). Só que<br />
também o eleito tem muitas vezes de pelejar muito tempo para alcançar a certitudo que<br />
lhe confere a consciência do dever cumprido, aquela da qual o crente jamais será<br />
totalmente privado.]<br />
42. Ver por exemplo Olevian, De substantia foederis gratuiti inter Deum et electos (1585),<br />
p. 257. Heidegger, Corpus Theologiae, XXIV, pp. 87ss. e outras passagens em Heppe,<br />
Dogmatik der ev. ref. Kirche (1861), p. 245.<br />
43. A doutrina calvinista original referia-se à fé e à consciência da comunhão com<br />
Deus nos sacramentos e mencionava os “demais frutos do espírito” apenas de<br />
passagem. Ver excertos em Heppe, op. cit., p. 425. Com toda a ênfase o próprio Calvino<br />
negou que as obras, embora sejam para ele frutos da fé do mesmo modo que para os<br />
luteranos, fossem sinais de valor próprio perante Deus (Instit. III, 2, 37, 38). A inflexão<br />
prática no sentido de uma comprovação da fé nas obras, e é isso que precisamente<br />
caracteriza a ascese, caminhava lado a lado com a progressiva transformação da doutrina<br />
de Calvino: para esta, no início, o que distingue em primeiro lugar a verdadeira Igreja é a<br />
pureza de doutrina e os sacramentos (como em Lutero, aliás), e só mais tarde ele vai<br />
equiparar a essas duas a disciplina como sinal. Esse desenvolvimento pode ser seguido,<br />
por exemplo, nos excertos de Heppe, op. cit., pp. 194-195 e também no modo como já no<br />
final do século XVI, nos Países Baixos, alguém adquiria o status de membro de uma<br />
congregação: pela submissão quase contratual à disciplina (que aparece expressamente<br />
como condição central).<br />
44. Ver entre outros, os comentários de Schneckenburger, op. cit., p. 48.<br />
45. Assim reaparece em Baxter, por exemplo, a diferença entre “mortal andvenial sin”<br />
{pecado mortal e venial}, bem à maneira católica. O primeiro é índice de um estado de<br />
graça falho ou de sua ausência, e somente uma conversion da pessoa inteira é capaz de<br />
conferir de novo a garantia de sua posse. Já o pecado venial não é incompatível com o<br />
estado de graça.<br />
46. Assim — em nuances múltiplas — Baxter, Bailey, Sedgwick, Hoornbeek. Ver ainda<br />
os exemplos em Schneckenburger, op. cit., p. 262.<br />
47. [A concepção do “estado de graça” como uma espécie de qualidade estamental (um<br />
pouco como a do status de asceta na Igreja antiga) encontra-se com frequência, entre<br />
outros, ainda em Schortinghuis (Het innige Christendom, 1740 — livro proibido pelos<br />
Estados Gerais!).]<br />
48. Assim — como se discutirá mais adiante! — em inúmeras passagens do Christian<br />
Directory de Baxter e em seu epílogo. [Essa recomendação do trabalho profissional para<br />
afugentar a angústia da própria inferioridade moral lembra a interpretação psicológica<br />
que Pascal faz da ambição de ganhar dinheiro e da ascese profissional como meios<br />
inventados para dissimular para si a própria nulidade moral. Em Pascal, justamente a<br />
crença na predestinação, aliada à convicção da nulidade de toda criatura infligida pelo<br />
pecado original, é posta a serviço da renúncia ao mundo e da recomendação da