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A Etica Protestante E o Espirit - Max Weber

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(pp. 409ss. da edição original da Institutio Christianae Relig.), uma atitude que em seus<br />

resultados é manifestamente mais próxima do luteranismo do que jamais o foi o<br />

precisismo de seus epígonos.<br />

264. O comportamento dos quakers nesse aspecto é bem conhecido. Mas já no início<br />

do século XVII a congregação dos exilados em Amsterdã ergueu durante uma década os<br />

mais clamorosos protestos por causa dos chapéus e vestidos de última moda da mulher<br />

de um pastor (descrito com graça no Congregationalism of the last 300 years de Dexter). —<br />

Já Sanford (op. cit.) observou que o “penteado” masculino de hoje corresponde ao dos<br />

ridicularizadíssimos “roundheads” {“cabeças redondas”}, e que o traje masculino dos<br />

puritanos, não menos ridicularizado, é na essência análogo ao de hoje, ao menos quanto<br />

ao princípio subjacente a ele.<br />

265. A esse respeito ver novamente a obra já citada de Veblen, The Theory of Business<br />

Enterprise.<br />

266. Tornaremos várias vezes a esse ponto de vista. A partir dele explicam-se<br />

afirmações como esta: “Every penny which is paid upon yourselves and children and friends<br />

must be done as by God’s own appointment and to serve and please him. Watch narrowly, or<br />

else that thievish carnal self will leave God nothing” {“Cada centavo pago a vós mesmos, a<br />

vossas filhos e a vossos amigos deve sê-lo por incumbência de Deus, visando a servi-lo e<br />

a agradá-lo. Todo cuidado é pouco, ou aquele eu carnal, gatuno, nada deixará para<br />

Deus”} (Baxter, op. cit., I, p. 108, infra à direita). O decisivo é isto: o que é empregado para<br />

fins pessoais é subtraído ao serviço da glória de Deus.<br />

267. Com razão costuma-se lembrar (assim faz Dowden, op. cit.) que Cromwell salvou<br />

da destruição quadros de Rafael e o Triunfo de César de Mantegna, que Carlos II<br />

pretendia vender. A sociedade do período da Restauração era também, como se sabe,<br />

totalmente indiferente ou francamente hostil à literatura nacional inglesa. Nas cortes a<br />

influência de Versalhes era profusamente todo-poderosa. — Analisar na minúcia a<br />

recusa dos prazeres espontâneos da vida cotidiana em sua influência sobre o espírito dos<br />

tipos humanos mais excelsos do puritanismo e de todos quanto passaram por sua<br />

escola é uma tarefa que de todo modo não poderia ser realizada nos horizontes deste<br />

esboço. Washington Irving (Bracebridge Hall) lança mão da terminologia inglesa usual<br />

para falar dessa influência: “it (a liberdade política, diz ele — o puritanismo, dizemos)<br />

evinces less play of the fancy, but more power of imagination” {“demonstra menos lance de<br />

fantasia e mais poder de imaginação”}. Basta pensar na posição ocupada pelos escoceses<br />

na ciência, na literatura, nas invenções técnicas e também na vida de negócios da<br />

Inglaterra para sentir que essa observação, formulada de modo um tanto estreito, achase<br />

entretanto bem próxima da verdade. — Não trataremos [aqui] de sua significação<br />

para o desenvolvimento da técnica e das ciências empíricas. Essa relação aflora por si<br />

mesma e a todo momento na vida cotidiana: para os quakers, por exemplo, as<br />

“recreations” permitidas (segundo o relato de Barclay) são: visita aos amigos, leitura de<br />

obras históricas, experimentos matemáticos e físicos, jardinagem, discussão dos fatos do<br />

mundo comercial e demais acontecimentos etc. A razão disso foi discutida antes.<br />

268. Já analisado admiravelmente no Rembrandt de Carl Neumann, que de resto cabe

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