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A Etica Protestante E o Espirit - Max Weber

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2. O “espírito” do capitalismo<br />

No título deste estudo emprega-se o conceito de “espírito do capitalismo”, que<br />

soa um pouco pretensioso. O que se deve entender por isso? [Na tentativa de lhe<br />

dar uma “definição” ou algo assim, logo se apresentam certas dificuldades que<br />

pertencem à natureza do próprio objetivo da pesquisa.]<br />

Se é que é possível encontrar um objeto que dê algum sentido ao emprego<br />

dessa designação, ele só pode ser uma “individualidade histórica”, isto é, um<br />

complexo de conexões que se dão na realidade histórica e que nós encadeamos<br />

conceitualmente em um todo, do ponto de vista de sua significação cultural.<br />

Tal conceito histórico, entretanto, na medida em que por seu conteúdo está<br />

relacionado a um fenômeno significativo em sua peculiaridade individual, não<br />

pode ser definido (vale dizer: “delimitado”) segundo o esquema genus<br />

proximum, differentia specifica, devendo antes ser gradualmente composto a<br />

partir de cada um de seus elementos, extraídos da realidade histórica. Daí por<br />

que a apreensão conceitual definitiva não pode se dar no começo da pesquisa,<br />

mas sim no final: noutras palavras, somente no decorrer da discussão se vai<br />

descobrir, e este será seu principal resultado, como formular da melhor maneira<br />

— isto é, da maneira mais adequada aos pontos de vista que nos interessam — o<br />

que entendemos aqui por “espírito” do capitalismo. Por outro lado, esses pontos<br />

de vista (dos quais tornaremos a falar) não são os únicos possíveis para analisar<br />

os fenômenos históricos que estamos considerando. Para esse, como para todo<br />

fenômeno histórico, a consideração de outros pontos de vista produziria como<br />

“essenciais” outros traços característicos: segue-se daí que não se pode ou não se<br />

deve necessariamente entender por “espírito” do capitalismo somente aquilo que<br />

nós apontaremos nele como essencial para nossa concepção. Isso faz parte da<br />

natureza mesma da “formação de conceitos históricos”, a saber: tendo em vista<br />

seus objetivos metodológicos, não tentar enfiar a realidade em conceitos<br />

genéricos abstratos, mas antes procurar articulá-la em conexões [genéticas]<br />

concretas, sempre e inevitavelmente de colorido especificamente individual.

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