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{“Aqueles que buscam ansiosos a riqueza mundana desprezam a própria alma, não<br />
apenas porque a negligenciam, dando preferência ao corpo, mas porque a empregam<br />
nessas buscas: Salmo 127(126), 2”} . (Mas na mesma página encontra-se a observação a<br />
ser citada mais adiante sobre a pecaminosidade de qualquer espécie de perda de tempo,<br />
especialmente em recreations.) Idem em toda a literatura religiosa do puritanismo angloholandês.<br />
Ver por exemplo a filípica de Hoornbeck contra a avaritia {avareza} (op. cit., 1,<br />
X, caps. 18 e 19). (Nesse escritor, aliás, operam também influências pietistas<br />
sentimentalistas: ver o elogio da tranquillitas animi {tranquilidade de ânimo} que agrada<br />
a Deus em oposição à sollicitudo {inquietação} deste mundo.) “Não é fácil um rico<br />
alcançar a bem-aventurança”, escreve também Bailey (op. cit., p. 182), apoiando-se numa<br />
conhecida passagem bíblica. Os catecismos metodistas também desaprovam que “se<br />
acumulem tesouros na terra”. No pietismo isso fica evidente por si mesmo. E entre os<br />
quakers o quadro não era outro. Ver Barclay, op. cit., p. 517: “(...) and therefore beware of<br />
such temptation as to use their callings and engine to be richer” {“(...) e, portanto, há que se<br />
prevenir contra a tentação de empregar profissões e engenho com o propósito de<br />
enriquecer”.}.<br />
201. [Com efeito, não só a riqueza, mas também a compulsiva ambição de ganho (ou<br />
coisa que o valha) era focadamente condenada. Nos Países Baixos, em resposta a uma<br />
interpelação, explicou o sínodo sul-holandês de 1574 que os “lombardos” não podiam<br />
ser admitidos à santa ceia, mesmo que seu negócio fosse exercido dentro dos limites da<br />
lei; o sínodo provincial de Deventer de 1598 (art. 24) estendeu tal proibição aos<br />
empregados dos “lombardos”; o sínodo de Gorichem de 1606 estatuiu as condições,<br />
duras e humilhantes, sob as quais as mulheres de “usurários” poderiam ser admitidas; e<br />
ainda em 1644 e 1657 era discutido se cabia admitir os lombardos à santa ceia (diga-se<br />
isso explicitamente contra Brentano, que cita seus ancestrais católicos — embora em<br />
todo o mundo asiático-europeu existam há milênios comerciantes e banqueiros de<br />
origem estrangeira); e mesmo Gisbert Voët (Disp. theol., IV, Anst. 1667, De usuris, p. 665)<br />
tencionava excluir da santa ceia os “trapezitas” (lombardos, piemonteses). Nos sínodos<br />
huguenotes não foi diferente. Camadas capitalistas desse feitio não eram absolutamente<br />
os portadores típicos da disposição e da conduta de vida de que se trata aqui. E também<br />
não eram nenhuma novidade em relação à Antiguidade e à Idade Média.]<br />
202. Ideia amplamente desenvolvida no capítulo X do Saints’ Everlasting Rest: quem<br />
quiser ficar descansando longamente no “albergue” que Deus lhe dá, que são as posses,<br />
por Ele é castigado já nesta vida. O lauto repouso em cima da riqueza adquirida quase<br />
sempre é prenúncio de ruína. — Pergunta-se: Se tivéssemos tudo quanto poderíamos ter<br />
no mundo, isso já seria tudo o que esperaríamos ter? Satisfação plena e cabal não se<br />
alcança aqui na terra — justamente porque, por vontade de Deus, ela não deve existir.<br />
203. Christ. Dir., I, pp. 375-6: “It is for action that God maintaineth us and our activities:<br />
work is the moral as well as the natural end of power. (...) It is action that God is most served<br />
and honoured by. (...) The public welfare or the good of many is to be valued above our own”<br />
{“É para a ação que Deus nos mantém, a nós e a nossas atividades: o trabalho é o fim<br />
moral e natural do poder. (...) É com a ação que Deus é melhor servido e honrado. (...)