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A Etica Protestante E o Espirit - Max Weber

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apenas o suficiente para não ser afetado pela decepção}, filosofa Th. Adams (Works of the<br />

Puritan Divines, p. LI). — Bailey (Praxis pietatis, op. cit., p. 176) recomenda além disso<br />

imaginar cada manhã, antes de misturar-se às outras pessoas, que se está entrando<br />

numa floresta virgem cheia de perigos e pedir a Deus o “manto da prudência e da<br />

justiça”. — Esse sentimento atravessa simplesmente todas as denominações ascéticas e<br />

impeliu vários pietistas a levar quase uma vida de eremita dentro do mundo. Mesmo<br />

Spangenberg em sua obra (hernutense) Idea fratrum, p. 382, recorda expressamente a<br />

passagem de Jeremias 17, 5: “Maldito o homem que se fia no homem”. Note-se, para<br />

avaliar a singular misantropia dessa visão de vida, as explicações de Hoornbeek, Theol.<br />

pract., I, p. 882, sobre o dever do amor ao inimigo: “Denique hoc magis nos ulciscimur, quo<br />

proximum, inultum nobis, tradimus ultori Deo. (...) Quo quis plus se ulciscitur, eo minus id<br />

pro ipso agit Deus” {Enfim, nós nos vingamos tanto mais quanto mais entregamos ao<br />

Deus vingador o próximo de quem não nos vingamos (...) Quanto mais alguém se<br />

vinga, tanto menos Deus o faz por ele}. — [O mesmo “adiamento da vingança” que se<br />

encontra nas partes do Antigo Testamento posteriores ao exílio: trata-se de uma refinada<br />

intensificação e internalização do sentimento de vingança em contraste com o velho<br />

“olho por olho”.] Sobre o “amor ao próximo”, ver mais na nota 35.<br />

27. Com certeza o confessionário não produziu somente um efeito como esse; as<br />

formulações de von Muthmann, por exemplo (Zeitschrift für Religionspsychologie, vol. I,<br />

fascículo 2, p. 65), são demasiado simples diante do problema psicológico extremamente<br />

complexo da confissão.<br />

28. Precisamente essa combinação é tão importante para a avaliação crítica dos<br />

fundamentos psicológicos das organizações sociais calvinistas. Repousam todas elas em<br />

motivos intrinsecamente “individualistas” [sejam eles “racionais com relação a fins” ou<br />

“racionais com relação a valores”]. Jamais o indivíduo ingressa nelas movido pelo<br />

sentimento. A “glória de Deus” e a salvação pessoal permanecem sempre acima do “limiar<br />

da consciência”. Isso imprime ainda hoje certos traços característicos na peculiaridade da<br />

organização social de povos com passado puritano.<br />

29. [Havia um traço de fundo antiautoritário nessa doutrina, que basicamente<br />

desvalorizava como sem propósito toda e qualquer tutela eclesiástica e estatal em<br />

matéria de ética e de salvação da alma, acarretando repetidas vezes sua proibição,<br />

notadamente pelos Estados Gerais neerlandeses. A consequência foi sempre a formação<br />

de conventículos (como se deu a partir de 1614).]<br />

30. Sobre Bunyan, ver a biografia escrita por Froude na coleção de Morley (English Men<br />

of Letters), além do esboço (superficial) de Macaulay (Critical and Miscellaneous Essays,<br />

vol. II, p. 227). Bunyan era indiferente quanto às diferenças de denominação no interior<br />

do calvinismo, se bem que, de sua parte, ele fosse um batista calvinista estrito.<br />

31. [Fácil ver a importância indubitavelmente grande que teve para o caráter social do<br />

cristianismo reformado a ideia calvinista de que pertencer a uma comunidade consoante<br />

aos preceitos divinos era uma necessidade posta pela própria salvação: em razão da<br />

exigência da “incorporação no corpo de Cristo” (Calvino, Institutio christiane religionis, III,<br />

11, 10).] Para os nossos pontos de vista específicos, porém, o centro do problema é

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