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apenas o suficiente para não ser afetado pela decepção}, filosofa Th. Adams (Works of the<br />
Puritan Divines, p. LI). — Bailey (Praxis pietatis, op. cit., p. 176) recomenda além disso<br />
imaginar cada manhã, antes de misturar-se às outras pessoas, que se está entrando<br />
numa floresta virgem cheia de perigos e pedir a Deus o “manto da prudência e da<br />
justiça”. — Esse sentimento atravessa simplesmente todas as denominações ascéticas e<br />
impeliu vários pietistas a levar quase uma vida de eremita dentro do mundo. Mesmo<br />
Spangenberg em sua obra (hernutense) Idea fratrum, p. 382, recorda expressamente a<br />
passagem de Jeremias 17, 5: “Maldito o homem que se fia no homem”. Note-se, para<br />
avaliar a singular misantropia dessa visão de vida, as explicações de Hoornbeek, Theol.<br />
pract., I, p. 882, sobre o dever do amor ao inimigo: “Denique hoc magis nos ulciscimur, quo<br />
proximum, inultum nobis, tradimus ultori Deo. (...) Quo quis plus se ulciscitur, eo minus id<br />
pro ipso agit Deus” {Enfim, nós nos vingamos tanto mais quanto mais entregamos ao<br />
Deus vingador o próximo de quem não nos vingamos (...) Quanto mais alguém se<br />
vinga, tanto menos Deus o faz por ele}. — [O mesmo “adiamento da vingança” que se<br />
encontra nas partes do Antigo Testamento posteriores ao exílio: trata-se de uma refinada<br />
intensificação e internalização do sentimento de vingança em contraste com o velho<br />
“olho por olho”.] Sobre o “amor ao próximo”, ver mais na nota 35.<br />
27. Com certeza o confessionário não produziu somente um efeito como esse; as<br />
formulações de von Muthmann, por exemplo (Zeitschrift für Religionspsychologie, vol. I,<br />
fascículo 2, p. 65), são demasiado simples diante do problema psicológico extremamente<br />
complexo da confissão.<br />
28. Precisamente essa combinação é tão importante para a avaliação crítica dos<br />
fundamentos psicológicos das organizações sociais calvinistas. Repousam todas elas em<br />
motivos intrinsecamente “individualistas” [sejam eles “racionais com relação a fins” ou<br />
“racionais com relação a valores”]. Jamais o indivíduo ingressa nelas movido pelo<br />
sentimento. A “glória de Deus” e a salvação pessoal permanecem sempre acima do “limiar<br />
da consciência”. Isso imprime ainda hoje certos traços característicos na peculiaridade da<br />
organização social de povos com passado puritano.<br />
29. [Havia um traço de fundo antiautoritário nessa doutrina, que basicamente<br />
desvalorizava como sem propósito toda e qualquer tutela eclesiástica e estatal em<br />
matéria de ética e de salvação da alma, acarretando repetidas vezes sua proibição,<br />
notadamente pelos Estados Gerais neerlandeses. A consequência foi sempre a formação<br />
de conventículos (como se deu a partir de 1614).]<br />
30. Sobre Bunyan, ver a biografia escrita por Froude na coleção de Morley (English Men<br />
of Letters), além do esboço (superficial) de Macaulay (Critical and Miscellaneous Essays,<br />
vol. II, p. 227). Bunyan era indiferente quanto às diferenças de denominação no interior<br />
do calvinismo, se bem que, de sua parte, ele fosse um batista calvinista estrito.<br />
31. [Fácil ver a importância indubitavelmente grande que teve para o caráter social do<br />
cristianismo reformado a ideia calvinista de que pertencer a uma comunidade consoante<br />
aos preceitos divinos era uma necessidade posta pela própria salvação: em razão da<br />
exigência da “incorporação no corpo de Cristo” (Calvino, Institutio christiane religionis, III,<br />
11, 10).] Para os nossos pontos de vista específicos, porém, o centro do problema é