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verdade sim que a Deus agradam a assiduidade e a operosidade na profissão mesmo da<br />
parte dos ímpios. (...) Mas a incredulidade e a vanglória impedem que suas boas obras<br />
possam reverter para a glória de Deus. (...) Merecem pois os seus prêmios ao menos<br />
nesta vida também as boas obras dos ímpios, só que elas não contam, não se colhem no<br />
Outro Mundo”}.<br />
76. Na Kirchenpostille de Lutero (ed. Erlangen, 10, pp. 233, 235-6) se lê: “Cada qual é<br />
chamado a exercer alguma profissão”. Ele deve esperar essa vocação (na p. 236 lê-se<br />
mesmo “ordem”) e aí servir a Deus. A Deus não se contenta com o fato de trabalhar,<br />
mas com a obediência nele implícita.<br />
77. A isso correspondem a constatação — em forte contraste com o que se disse no<br />
capítulo anterior acerca do efeito do pietismo sobre a atitude econômica das<br />
trabalhadoras — feita de vez em quando por empresários modernos de que, por<br />
exemplo, industriais da produção em domicílio que são estritos seguidores da Igreja<br />
luterana ainda hoje pensam majoritariamente de forma tradicionalista, notadamente na<br />
Vestfália, são avessos, não obstante o aceno com lucros maiores, a mudanças na forma<br />
de trabalhar — mesmo que a mudança não signifique nenhuma transição para o<br />
sistema fabril — e como justificativa reportam-se ao Outro Mundo, onde, no fim das<br />
contas, tudo isso será indiferente. Resulta daí que o simples fato de pertencer a uma Igreja<br />
ou professar uma fé não tinha ainda uma significação essencial para o conjunto todo da<br />
conduta de vida: foram conteúdos vitais religiosos muito mais concretos aqueles cujo<br />
efeito desempenhou seu papel na época da formação do capitalismo e, em medida mais<br />
limitada, desempenha ainda hoje.<br />
78. Ver Tauler, ed. da Basileia, pp. 161ss.<br />
79. Ver o sermão singularmente emotivo de Tauler, op. cit., e fol. 17, 18, v. 20.<br />
80. [Visto que este é o único objetivo destas notas sobre Lutero, contentamo-nos com<br />
um esboço tão provisório e sumário como este, que obviamente não satisfaz do ponto<br />
de vista de uma avaliação crítica de Lutero.]<br />
81. Claro, quem quer que admitisse a construção histórica dos levellers estaria na feliz<br />
situação de reduzir também essas oposições a diferenças de raça: como representantes<br />
dos anglo-saxões, eles acreditavam defender seu birthright contra os descendentes de<br />
Guilherme, o Conquistador, e os normandos. Surpreendente é que ninguém até agora<br />
haja pensado nos roundheads plebeus como “cabeças redondas” no sentido<br />
antroprométrico!<br />
82. [Especialmente o orgulho nacional inglês, uma consequência da Magna Carta e<br />
das grandes guerras. A exclamação hoje tão típica à vista de uma linda jovem estrangeira,<br />
She looks like an English girl!, é uma expressão que já existia no século XV.]<br />
83. Essas diferenças, é claro, mantiveram-se também na Inglaterra. Sobretudo a<br />
“squirearchy” continua sendo até hoje a portadora da merry old England {radiante<br />
Inglaterra de outrora}, e toda a época subsequente à Reforma pode ser concebida como<br />
uma luta entre os dois tipos de anglicanismo. Nesse ponto estou de acordo com os<br />
comentários de M. J. Bonn (na Frankfurter Zeitung) acerca do belo estudo de von<br />
Schulze-Gävernitz sobre o imperialismo britânico. Ver H. Levy, Archiv für