Brasil Final Report - Department of Physics - The Ohio State University
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trangimento, que “não foram tanto as observações e experimentos de Galileu que causaram a<br />
ruptura com a tradição, mas sua atitude em relação a eles. Para ele, os dados eram tratados como<br />
dados, e não relacionados a alguma idéia preconcebida... Os dados da observação poderiam ou<br />
não se adequar a um esquema conhecido do universo, mas a coisa mais importante, na opinião de<br />
Galileu, era aceitar os dados e construir a teoria para adequar-se a eles” (4) .<br />
Ou seja, a natureza dá os fatos. É tarefa do cientista descobri-los. As teorias científicas são<br />
meras conseqüências dos fatos. A gênese e a justificação das mesmas estão circunscritas ao domínio<br />
observacional.<br />
Dentro de uma lógica que entende que a atividade científica deve ser neutra, livre de<br />
pressupostos teóricos, e que admite, sem questionamentos, a validade do princípio da indução, a<br />
suposição da existência de um conjunto único de ‘regras’ tacitamente aceitas pelos cientistas em<br />
suas investigações (o método científico, com suas etapas de observação, formulação de hipóteses,<br />
experimentação, medição, estabelecimento de relações, conclusões, leis e teorias) não deve constituir<br />
surpresa.<br />
Naturalmente, a crença na existência deste método não é exclusividade apenas do pr<strong>of</strong>essor<br />
de física. Na área das ciências biológicas, por exemplo, em um livro bastante recente (5) , os autores<br />
‘esclarecem’ ao leitor como trabalha o pesquisador: “Ele faz uso do método científico, uma série de<br />
procedimentos dispostos de forma hierárquica e seqüencial, que direcionam e ordenam em etapas o<br />
seu trabalho.” Em seguida, passam à sua descrição, afirmando que“O método científico cumpre o<br />
seguinte roteiro:<br />
Obervação do fato: Um fato é qualquer acontecimento ou fenômeno observável ou ocorrido.<br />
A análise deste fato provoca algumas perguntas: Como e por que ocorre? Quais suas causas e<br />
conseqüências?”<br />
Formulação do problema: O fato apresenta aspectos até então inexplicáveis. Tais aspectos<br />
constituem o problema.<br />
Levantamento de hipóteses: O cientista começa a lançar idéias que talvez possam explicar<br />
os fatos. As hipóteses têm também a função de prever possíveis resultados para o mesmo problema<br />
sob outras condições ainda não observadas.<br />
Experimentação: É o meio pelo qual o cientista testa suas hipóteses...<br />
Análise dos resultados e conclusão: Os resultados deverão ser analisados para a<br />
confirmação ou não da hipótese. Em caso de não confirmação, a hipótese deverá ser reformulada<br />
ou até mesmo rejeitada. Não havendo argumentos que contradigam a hipótese, ela passará a ser<br />
considerada uma teoria. Caso os princípios estabelecidos por esta teoria venham a ser observados<br />
com uniformidade, sem variações em condições idênticas, tal formulação será reconhecida como<br />
uma lei.”<br />
Assim, qualquer exposição que discuta criticamente a utilização da história da ciência, e da<br />
física em particular, em qualquer nível de estudo, não pode deixar de fazer considerações explícitas<br />
sobre esta visão ultrapassada da atividade científica. O baconismo teve sua época e importância,<br />
certamente. Insistir, ainda hoje, em princípios de sua filos<strong>of</strong>ia empirista, propositadamente ou não, é<br />
tolice.<br />
Entre os alunos de Instrumentação A, existem pr<strong>of</strong>essores que atuam na rede escolar,<br />
provavelmente com práticas inadequadas do ponto de vista de um ensino que, fazendo uso de uma