Brasil Final Report - Department of Physics - The Ohio State University
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O ENSINO DE FÍSICA NO BRASIL: OLHANDO FENÔMENOS DISTINTOS 15<br />
Anna Maria Pessoa de Carvalho<br />
Faculdade de Educação<br />
Universidade de São Paulo, <strong>Brasil</strong><br />
ampdcarv@usp.br<br />
O ensino de Física tem muitas facetas. Podemos olhar o seu desenvolvimento desde o curso<br />
fundamental, onde é ensinado com a denominação de “Ciências”, juntamente com os conteúdos de<br />
Biologia, Química e as vezes também Geologia e Astronomia, passando pelo curso médio, já como<br />
Física e com pr<strong>of</strong>essores preferencialmente formados em cursos superiores de Física, e chegando<br />
ao curso superior quer seja o de licenciatura (formação de pr<strong>of</strong>essores) quer seja o bacharelado<br />
(formação do físico) que em muitas universidades são cursos diferentes, em outras tem muitas<br />
disciplinas em comum e, em outras ainda, são dois cursos idênticos. Esse desenvolvimento, no<br />
<strong>Brasil</strong>, é extremamente caótico: um ciclo não prepara para o outro e por inúmeros motivos, cada<br />
pr<strong>of</strong>essor dá a sua disciplina de forma isolada, sem se preocupar com o que veio antes e sem se<br />
importar com o que vai ser ensinado depois.<br />
Podemos olhar a influência nesse ensino da nova legislação – a Lei de Diretrizes e Bases da<br />
Educação -, dos novos pareceres do Conselho Nacional de Educação, dos novos cursos de formação<br />
de pr<strong>of</strong>essores, dos novos parâmetros curriculares, dos novos projetos pedagógicos, dos<br />
novos........É tanta novidade que os pr<strong>of</strong>essores, de todos os níveis, estão bastante inseguros sobre o<br />
que ensinar e como ensinar.<br />
Podemos olhar as pesquisas que se faz sobre esse ensino. Vimos sua extensão e qualidade<br />
durante esse Congresso. E a pesquisa em ensino de física vai bem porque, quem sabe, seja a<br />
comunidade dos pesquisadores em ensino de física a mais estável e a melhor estruturada nesses<br />
tempos de mudanças. Seus objetivos pouco s<strong>of</strong>reram com as alterações na legislação, e ainda<br />
melhor, seu campo de ação foi ampliado pois os órgãos financiadores, como por ex. CNPq, CAPES,<br />
FAPESP, estando preocupados com os problemas educacionais abriram linhas especiais para as<br />
pesquisas e as intervenções de pesquisadores em ensino de ciências – e aqui se inclui o ensino de<br />
física - na realidade das escolas e na formação continuada de pr<strong>of</strong>essores. Também organizações<br />
não governamentais, por ex. a VITAE, com as mesmas preocupações sobre a má qualidade do<br />
ensino de ciências, nos diversos níveis, tem se aberto para os grupos de pesquisadores em ensino<br />
para que esses intervenham e modifique as escolas.<br />
É interessante registrar o fenômeno da influências dos grupos de pesquisa em ensino de<br />
ciências na interação entre ONGs e fundações governamentais, na procura de equacionar soluções<br />
para as escolas fundamental e média. Várias ONGs já tinham organizados projetos de intervenção,<br />
principalmente para o primeiro ciclo de escolas fundamentais sendo que vários desses projetos não<br />
apresentaram bons resultados. De outro lado as Fundações, e aqui cito a FAPESP que abriu uma<br />
linha de pesquisa denominada “Escola Pública”, estão procurando estudar cientificamente os<br />
problemas de nossas escolas. Os grupos de pesquisas foram então estimulados a não só organizarem<br />
propostas de intervenção, pondo em prática suas idéias e os resultados de suas investigações, como<br />
avalia-las e estuda-las em pr<strong>of</strong>undidade.<br />
Entretanto é difícil é estudar uma faceta desvinculada da outra porque felizmente ou<br />
infelizmente, elas estão muito interligadas. A pesquisa indo para escola e procurando intervir no<br />
ensino s<strong>of</strong>re com a desestruturação dessa escola. Não podemos investigar o que se passa em sala de<br />
aula, isto é, o ensino propriamente dito, sem considerar a influência da política que o estrutura. A