Brasil Final Report - Department of Physics - The Ohio State University
Brasil Final Report - Department of Physics - The Ohio State University
Brasil Final Report - Department of Physics - The Ohio State University
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
87<br />
história não neutra, objetiva valorizar os processos de construção do conhecimento científico e não<br />
apenas seus produtos.<br />
O convencimento pela força de uma argumentação solidamente construída, que procura<br />
mostrar o potencial da história da ciência/física para o ensino da física e que torna transparente à<br />
crítica a introdução desta história em sala de aula, enriquece o debate e propicia a mudança<br />
consciente, quando ela ocorre.<br />
Há, sem dúvida, muitas questões abertas à pesquisa no que se refere a mesclar, de uma<br />
forma mais sistemática, conteúdos específicos de uma disciplina de física com aspectos históricos<br />
do desenvolvimento destes conteúdos. (6)<br />
Por exemplo, de um lado se tem o físico, voltado para a objetividade do fenômeno; do outro<br />
o historiador da ciência, interessado na riqueza e detalhes dos fatos. Encontrar no ensino da física<br />
ou de qualquer outra ciência natural o meio termo ou o equilíbrio entre compromissos de pesquisa<br />
com especificidades tão distintas, nem sempre é fácil. Isto é, uma história da ciência ‘simplificada<br />
em demasia’ pode apresentar grandes lacunas e se mostrar de má qualidade; uma história da ciência<br />
explorada com muitos detalhes pode chatear e desinteressar o estudante.<br />
O fato concreto é que a história da física, seja como disciplina específica ou integrada a<br />
outras disciplinas do currículo, não pode mais ser relegada a um segundo plano (como ocorre em<br />
muitos cursos de Física, onde a disciplina de ‘Evolução da Física’ é optativa). Nas diretrizes<br />
traçadas para a elaboração da prova do Exame Nacional dos Cursos de Física (7) , entre os conteúdos<br />
específicos para a Licenciatura, consta o seguinte: “História e evolução das idéias da Física:<br />
cosmologia antiga; a física de Aristóteles; a física medieval; as origens da mecânica e o<br />
mecanicismo; evolução do conceito de calor e da termodinâmica no período pré-industrial; a teoria<br />
eletromagnética de Maxwell e o conceito de campo; os impasses da mecânica clássica; radioatividade<br />
e as origens da física contemporânea; as teorias da relatividade e da mecânica quântica.”<br />
Ao final da segunda reunião com Edna, Fernanda, Rodrigo e Yuri, pude perceber que as<br />
incertezas e a ansiedade inicial dos estudantes haviam cedido lugar a um sentimento geral de maior<br />
confiança quanto à realização, a contento, da tarefa. A discussão de vários outros pontos<br />
diretamente ligados ao assunto contribuiu decisivamente para isto. Entre eles, é claro, estavam boas<br />
razões para defender o uso didático da história da ciência/física no ensino de física. Assim, esta<br />
história pode (3) :<br />
♦ propiciar o aprendizado significativo de equações (que estabeleçam relações entre<br />
conceitos, ou que traduzam leis e princípios) que o utilitarismo do ensino tradicional acaba<br />
transformando em meras expressões matemáticas que servem à resolução de problemas;<br />
♦ ser bastante útil para lidar com a problemática das concepções alternativas;<br />
♦ incrementar a cultura geral do aluno, admitindo-se, neste caso, que há um valor intrínseco<br />
em se compreender certos episódios fundamentais que ocorreram na história do pensamento<br />
científico (como a revolução científica dos séculos XVI e XVII, por exemplo);<br />
♦ desmistificar o método científico, dando ao aluno os subsídios necessários para que ele<br />
tenha um melhor entendimento do trabalho do cientista;<br />
♦ mostrar como o pensamento científico se modifica com o tempo, evidenciando que as<br />
teorias científicas não são ‘definitivas e irrevogáveis’, mas objeto de constante revisão;