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José Osvaldo De Meira Penna

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nós negar a realidade de miséria, violência e sofrimento que resultam do vendaval<br />

desfeito da Revolução Industrial: "O reconhecimento de que as classes<br />

trabalhadoras como um todo se beneficiaram com o crescimento da indústria<br />

moderna é, obviamente, compatível inteiramente com o fato de que alguns<br />

indivíduos ou grupos sociais, nessas como em outras classes, possam haver<br />

sofrido por força de seus resultados. A nova ordem que significava uma mudança<br />

rápida e o aumento acelerado da riqueza foi, em grande parte, o resultado da<br />

velocidade maior de adaptação à mudança que lhe tornou possível"... Muito do<br />

que se culpa o sistema capitalista, continua Hayek, "é de fato atribuível aos<br />

remanescentes ou renovações de aspectos pré-capitalistas: aos elementos<br />

monopolísticos... e às tendências que impediam seu mecanismo básico (de<br />

concorrência) de funcionar livremente".<br />

Os sociólogos falam num cultural lag, num atraso ou discronia ou<br />

defasagem que ocorre frequentemente. O efeito da Grande <strong>De</strong>pressão, por<br />

exemplo. Ele permaneceu por décadas na memória dos pobres, dos fazendeiros<br />

que haviam falido e dos intelectuais que a tinham experimentado. Criou-se uma<br />

"mentalidade de <strong>De</strong>pressão". Até hoje continuam, incessantemente, a aparecer<br />

Cassandras que anunciam um novo crash da bolsa como o de 1929. Do mesmo<br />

modo os que sofreram numa Recessão continuam a nela pensar, mesmo quando<br />

está a economia em expansão. Um economista de origem indiana escreveu um<br />

livro que se tornou um best seller nos EUA, anunciando um crash em 1989, que<br />

liquidaria com a economia ocidental. Continua a publicar novos livros sobre o<br />

mesmo assunto. Contra esse tipo de profetismo derrotista poder-se-ia argumentar<br />

que, se uma quebra catastrófica da bolsa pudesse ser demonstrada e anunciada<br />

com precisão, é claro que os investidores retirariam oportunamente suas ações de<br />

tal modo que, ou o crash não aconteceria, ou se daria antes do que o previsto. Em<br />

outubro de 1987 houve uma queda em Wall Street que, em termos absolutos, foi<br />

mais considerável que a de 1929, e isso porque o mercado como um todo se<br />

encontrava excessivamente inflacionado pela especulação. Dizem que as perdas<br />

totalizaram quase um trilhão de dólares. Em princípios de 1989 a bolsa já havia<br />

recuperado o que perdera com aquele pseudocataclisma. O gosto pelo Apocalipse<br />

também se manifesta entre aqueles que especulam na bolsa ou aqueles que a<br />

detestam por ser uma expressão do sistema capitalista. Estes últimos não perdem<br />

a oportunidade de anunciar, como o fazem há 150 anos ou desde os tempos do<br />

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