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José Osvaldo De Meira Penna

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proletariado... A última crítica de Jouvenel se dirige aos historicistas que justificam<br />

os meios violentos, invocando os fins em todos os grandes atos da história, mas<br />

não aceitam essa postura em relação ao capitalismo.<br />

Marx argumentou, conforme ainda observa Bertrand de Jouvenel, que os<br />

burgueses capitalistas encontraram uma classe de camponeses, explorados pela<br />

nobreza latifundiária que lhes havia expropriado as terras. Sem outra solução para<br />

sobrevivência, os boias-frias foram facilmente colhidos nas malhas horríveis da<br />

indústria nascente e assim se transformaram em proletários. A tese poderia ser<br />

considerada como inteiramente verdadeira se não tivesse sido desmentida pelo<br />

que aconteceu nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Argentina e Brasil, onde<br />

amplos territórios virgens sempre estiveram abertos à imigração da população<br />

rural da Europa, oprimida pela fome e a miséria. A dicotomia mitológica dos<br />

marxistas transformou os operários em "produtores" e os burgueses unicamente<br />

em "consumidores", estes explorando aqueles. O resultado paradoxal é que os<br />

"produtores" da União Soviética de hoje, que oficializou o marxismo, ganham<br />

muito menos pelo que produzem e pagam muito mais pelo que consomem do que<br />

nas indigitadas sociedades de burgueses capitalistas.<br />

Gertrud Himmelfarb concluiu sua volumosa pesquisa com a constatação<br />

de que o que, subitamente, elevou a questão da pobreza na Inglaterra a um tão<br />

alto nível de urgência, não foi o temor da revolução social: o Estado possuía meios<br />

extraordinariamente poderosos de repressão. Foi um sentimento profundo de<br />

perplexidade moral diante do desequilíbrio social. A pobreza era sempre vista<br />

como um problema moral. Um trauma de consciência. Contrariando drasticamente<br />

os arrazoados de Marx e de Engels, não era a nova estrutura de produção que<br />

provocava um câmbio na superestrutura moral da sociedade, porém as emoções<br />

despertadas pelos livros e discursos dos intelectuais da época. Paine, Godwin,<br />

Malthus, Adam Smith, Ricardo, Bentham, StuartMill, Chadwyck, romancistas como<br />

Dickens, G. W. M. Reynolds, Elisabeth Gaskell, Edward Thompson, Harriet<br />

Martineau, Henry Mayhew, Thackeray, Wells, Shaw, poetas, economistas,<br />

ativistas, cientistas, políticos ambiciosos e cultos como Pitt e Disraeli, filósofos<br />

como Carlyle e Spencer, todos os pró-homens da época apreciaram<br />

indignadamente o problema como uma terrível mazela, uma vergonha nacional, a<br />

ser resolvida por força de considerações éticas. Isso quer contemplassem tais<br />

mazelas como uma fatalidade darwinista da natureza, quer como o sub-produto de<br />

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