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José Osvaldo De Meira Penna

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protestantes não tencionavam deliberadamente criar o sistema capitalista. Tendo<br />

isto em vista, pode-se aplicar a todo o protestantismo primitivo o que Tawney<br />

afirma do inglês: "Se a Reforma descobriu forças que atuaram como dissolventes<br />

da atitude tradicional do pensamento religioso sobre as manifestações sociais e<br />

econômicas, fê-lo sem propósito deliberado e contra a intenção dos<br />

reformadores". "Por conseguinte, devemos convencer-nos - também escreve<br />

Weber - de que os efeitos produzidos pela Reforma sobre a civilização foram em<br />

grande parte consequências imprevistas e, por isso, não desejadas pela obra dos<br />

reformadores, e com frequência divergentes ou opostas a tudo o que sonhavam<br />

como ideal".<br />

A base do argumento de Weber é empírica e incontestável. Eis o fato: em<br />

todos os países de composição religiosa mista, os líderes dos negócios e donos<br />

de capital, assim como o pessoal mais altamente treinado, técnica e<br />

comercialmente, são em sua grande maioria protestantes. Isso é verdade na<br />

Inglaterra, na Alemanha, na Suíça, na Holanda, no Canadá. É até hoje verdadeiro,<br />

sob certos aspectos, nos Estados Unidos da América, cujo poder político e<br />

econômico continua, de modo preponderante, enfeixado nas mãos dos chamados<br />

WASPS (White Anglo-Saxon Protestants). Os Wasps controlam o sistema<br />

bancário, a indústria do aço, a indústria automobilística e a do petróleo, as<br />

grandes corporações, como a General Motors, a General Eletric, a IBM, a Ford, a<br />

Dupont - isto não obstante o sucesso, em certos outros setores, de prósperas<br />

minorias de judeus, irlandeses, italianos, japoneses e outros.<br />

É também fato empírico que as nações que encabeçaram a revolução<br />

industrial e que ostentam, ainda hoje, os mais elevados índices de renda per<br />

capita no mundo - os Países Baixos, a Suíça, os Escandinavos e, de um modo<br />

geral, os países de língua inglesa - são protestantes.<br />

Outros fatores que não a ética protestante, com sua noção de<br />

predestinação e o conceito de "vocação" profissional (Beruf), podem ter<br />

contribuído para a emergência do capitalismo, independentemente da Reforma de<br />

Calvino e de Zwingli. Sombart, Brentano, Pirenne, Fanfani, Troeltsch, Tawney, H.<br />

M. Robertson e outros chamam a atenção para esses fatores diferentes. Roberto<br />

Campos - procurando naturalmente puxar a brasa para o nosso lado, pois é<br />

consciente da influência da Igreja Católica sobre nosso desenvolvimento históricocultural<br />

- intenta contrariar a tese weberiana, no que diz respeito aos<br />

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