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José Osvaldo De Meira Penna

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terreno da política externa. O "crescimento econômico de uma economia aberta e<br />

competitiva" - tendo como modelo, digamos, a Alemanha federal, o modelo<br />

oferecido pelo próprio Jaguaribe - não se coaduna com a ideologia de uma<br />

"esquerda arcaica", que "persiste no Terceiro Mundo" e seria representada pelo<br />

PT. Ora, o senador Fernando Henrique, que é o grande propugnador em nossa<br />

terra e internacionalmente o mais conhecido elaborador da teoria da dependência,<br />

deveria, hoje, posicionar-se sem subterfúgios, ele e seu partido, diante da seguinte<br />

opção fundamental: é o Brasil parte do Terceiro Mundo, sofrendo da malvada<br />

"dependência"; ou deve procurar superar essa miserável postura complexada e<br />

integrar-se ao Primeiro Mundo, como a oitava potência dirigente do Ocidente<br />

democrático? O ingresso no Primeiro Mundo - que o senador Roberto Campos e<br />

eu, modestamente, temos há anos defendido, e que parece se haver tornado<br />

(talvez...) um dos pontos na visão otimista do Presidente da República - implica o<br />

repúdio formal e certo à teoria da dependência. Mas como já dizia o grande<br />

filósofo espanhol Sancho Pança, de/ dicho al hecho, hay gran trecho"... Estariam<br />

assim, Fernando Henrique e Hélio Jaguaribe, dispostos a efetuarem esse salto<br />

existencial? Estariam inclinados a se independizarem da dependência? Estariam<br />

dispostos a repudiar a política que, desde 1959 ou 1974, é seguida pelo Itamaraty<br />

- o Itamaraty de Araújo Castro, de Silveira, de Saraiva Guerreiro e dos chamados<br />

"barbudinhos" que os assessoram, e ainda detêm as alavancas de comando da<br />

"Casa", mesmo quando imberbes? Duvido um pouco. Preciso de provas mais<br />

concretas. Sou cético e, como São Tomé, exijo confirmação sensível por parte dos<br />

venerandos mestres do PSDB, para me certificar, se estão ou não dispostos a<br />

queimar aquilo que até há pouco adoravam, e adorar aquilo que queimavam. Para<br />

começar, é necessário rejeitar a tese da igualdade jurídica absoluta entre as<br />

nações e a de incontrastável soberania nacional, postura que não é mais<br />

admissível no mundo moderno, a não ser como tática maquiavélica para a<br />

conquista de posições iniciais de barganha. A sugestão feita, outrora, por<br />

Jaguaribe de concessão à Assembleia Geral da ONU de poderes legislativos e<br />

executivos formais, na base do preceito "uma nação, um voto", é romântica e<br />

desarvoradamente utópica. Imaginem dar à República popular do Burundi e à<br />

Ripablik Blong Vanuatu, no Pacífico, cuja população caberia inteiramente no<br />

estádio do Pacaembu, o mesmo poder dirigente sobre o mundo, que é dado à<br />

China com seus 1,1 bilhões de habitantes, aos EUA, que detêm 30% do poder<br />

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