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José Osvaldo De Meira Penna

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da exploração do trabalho (a exploração do homem pelo homem) constitui a<br />

exploração marxista da incompreensão da economia por parte de pessoas que<br />

ainda acreditam em Marx.<br />

O fato é que o trabalho produz um valor que pode ser trocado por uma<br />

propriedade. Um artesão ou um agricultor produz objetos ou frutos da terra que<br />

podem ser trocados por outras propriedades. Mas é evidente que o produto do<br />

trabalho varia de acordo com critérios que independem do esforço físico ou tempo<br />

despendido em sua produção. O trabalho manual de um modo geral vale menos<br />

do que o trabalho mental. Um quadro de van Gogh vale, não pelo trabalho gasto<br />

em pintá-lo pelo infeliz e genial artista, mas por suas qualidades de estimação<br />

subjetiva, o que permite sua venda em leilão por sessenta milhões de dólares.<br />

Na criação do direito de propriedade supomos, por conseguinte, que três<br />

casos são possíveis:<br />

1. o do trabalhador que vendeu seu trabalho ou o produto direto desse<br />

trabalho, nisso incluindo os artistas e profissionais liberais;<br />

2. o do diretor, empresário, gerente, capataz, administrador, funcionário ou<br />

outra qualquer pessoa que controla o processo de produção em suas linhas gerais<br />

- em trabalho puramente ou principalmente mental - e por esse trabalho recebe<br />

salário, honorário, comissão, lucro ou qualquer outra forma de remuneração;<br />

3. o daquele que possui título histórico à propriedade, ou seja, ao capital:<br />

a) por ser o primeiro a descobri-la ou dele se apossar; b) por herança, dádiva,<br />

sorte no jogo, etc. e, c) por acumulação, como no caso de aposentadoria, juros de<br />

capital, seguro pago ou outra forma de recebimento a longo prazo.<br />

* * *<br />

O que caracteriza a relação de comércio é a vontade dos parceiros de<br />

coibirem seus ímpetos agressivos, alcançando seu desejo pela negociação em<br />

vez de satisfazê-lo pela força. Basicamente, ao invés do embate agonístico, a<br />

ética do fair-play. Nesse sentido, a tese de Locke é mais sofisticada do que a de<br />

Hobbes ou, se quiserem, a tese correta é a de que o homem passa,<br />

historicamente, de um relacionamento hobbesiano (a guerra de todos contra<br />

todos) para um relacionamento lockeano, de respeito à propriedade. A nova<br />

fórmula alcançada pacificamente implica uma decisão que recalca o instinto de<br />

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