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José Osvaldo De Meira Penna

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pecadores. Sua mensagem consiste, precisamente, em insistir na conversão<br />

(metanoia) dos pecadores, criminosos, poderosos e corruptos. Em Marcos 2:17,<br />

Ele acentua: "eu não vim chamar justos, mas pecadores"... Ora, se é verdade que<br />

o capitalismo, como pensam os padres e cardeais da esquerdigreja popular<br />

brasileira, é um sistema pecaminoso (D. Paulo Evaristo Arns assim o proclamou!),<br />

então a opção preferencial do cristianismo deve ser em favor dos ricos capitalistas,<br />

precisamente porque são pecadores. Os pobres já estão no Reino dos Céus<br />

(Lucas 6:20). Eles já possuem as bem-aventuranças e, consequentemente, já<br />

foram salvos: "vosso já é o reino de <strong>De</strong>us". Disso se pode deduzir que a<br />

preocupação da Igreja deve, doravante, dirigir-se para aqueles que cometem faltas<br />

(paraptoma), sobretudo a falta maior da sociedade moderna, a pleonexia, a cobiça<br />

exagerada de dinheiro e poder. Isso quer dizer que a atenção da Igreja se deve,<br />

preferencialmente, deter-se sobre os ricos. Eis o meu argumento: são os ricos que<br />

necessitam de conversão e salvação; e não os pobres, já bem-aventurados por<br />

natureza.<br />

À primeira vista, minha tese pode parecer uma brincadeira. Ou, pelo<br />

menos, um paradoxo jocoso. Não é. É um argumento muito sério e procurei<br />

demonstrar por quê. <strong>De</strong> fato, a pobreza sendo já coberta pelas bem-aventuranças,<br />

deixa de constituir um problema moral e se torna, na sociedade moderna, um<br />

problema técnico, uma simples questão social e econômica a ser resolvida pela<br />

economia política de liberdade. Do mesmo modo, meu argumento é que quando<br />

faz <strong>De</strong>us opção pelos doentes e sofredores, não quer isso dizer que devemos<br />

abandonar a medicina e não providenciar a saúde da população. Nem que<br />

qualifiquemos o anestésico de pecaminoso. Lembremo-nos outra vez do que disse<br />

Jesus: "sempre tereis os pobres convosco". Na realidade, repetimos que a<br />

pobreza é hoje eliminável, como praticamente já ocorreu no Japão e nos países<br />

capitalistas adiantados da Europa ocidental e nórdica. Nos EUA, só 10% da<br />

população são considerados pobres, mas sua renda atinge um nível que, em<br />

nosso país, indicaria abastança. Acresce que, bem mais da metade dos pobres se<br />

incluem em famílias desintegradas, como o demonstram as estatísticas,<br />

principalmente em famílias de mães solteiras e filhos abandonados pelo pai. O<br />

problema econômico se reduz, então, a uma questão de moral familiar e sexual. O<br />

mesmo fenômeno poderia ser demonstrado entre os pobres de nossas favelas,<br />

onde raramente encontramos famílias normal e legalmente constituídas. Nesse<br />

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