14.04.2013 Views

José Osvaldo De Meira Penna

José Osvaldo De Meira Penna

José Osvaldo De Meira Penna

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

"científicas" de Marx quanto à proletarização final das massas exploradas pela<br />

burguesia? A questão fica em aberto. Ela impregna toda a discussão em torno da<br />

qual gira o presente ensaio.<br />

3. A pobreza e a revolução industrial<br />

Em seu "Inquérito sobre a Riqueza das Nações", registou Adam Smith<br />

que, em sua época, a metade das crianças nascidas das classes mais pobres da<br />

população morria antes dos 6 ou 7 anos - enquanto as "mulheres de qualidade",<br />

como chama as de classe alta, raramente geravam mais de dois rebentos em suas<br />

vidas. Smith também notava que uma mulher praticamente faminta, nas<br />

montanhas da Escócia (Highlands), chegara a gerar vinte filhos. Pavorosa, porém,<br />

era a mortalidade infantil. A população, consequentemente, pouco crescia. Foi em<br />

virtude do aumento extraordinário da fortuna da Inglaterra com a Revolução<br />

Industrial que a população iniciou seu crescimento inédito. Lembremos que a Grã-<br />

Bretanha, já na época, era a nação mais rica da Europa. Smith se antecipa com<br />

algumas ideias que seriam desenvolvidas por Malthus. O importante, contudo, é<br />

sua demonstração das condições extremamente negativas da sorte da população<br />

pobre no período alegadamente "idílico", anterior à revolução capitalista.<br />

As leis sobre a pobreza (Poor Laws) foram um dos principais temas de<br />

debate e polêmica na Inglaterra de meados do século XIX. A controvérsia se<br />

assemelha bastante à que hoje se desenvolve nos EUA a respeito da legislação<br />

previdencialista introduzida pela Great Society do presidente Johnson. Atribui-se a<br />

tal legislação um efeito desestimulante sobre a economia das famílias pobres<br />

(principalmente pretas e hispânicas), que se encontram nos níveis mais humildes<br />

da população. <strong>De</strong> um modo geral, a defesa dessa legislação era feita, com retórica<br />

sentimental, por autores românticos com poucos conhecimentos econômicos e<br />

insensíveis às provas empíricas que demonstravam ser ela contraproducente. No<br />

Brasil, também há décadas que ouvimos falar em auxílio ao Nordeste e tomamos<br />

iniciativas como a da Sudene, as quais não contribuem senão para glorificar o<br />

Senhor Celso Furtado e alimentar uma pletora de burocratas ociosos, mantendo a<br />

pachorra, o atraso e a "indústria da seca" daquela região do Brasil. O<br />

humanitarismo é associado aos "efeitos nefastos das boas intenções" - segundo o<br />

princípio de que o inferno está pavimentado de boas intenções. A polêmica que se<br />

70

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!