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José Osvaldo De Meira Penna

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enquanto o homem politicamente influente se apodera da riqueza no exercício de<br />

governo, devem os dois impulsos ser destacados para evitar mal-entendidos. A<br />

confusão foi verdadeiramente criada pelo marxismo, ao reduzir ao econômico toda<br />

a motivação humana e ao considerar o fator psicológico mera superestrutura da<br />

forma de produção.<br />

Se os Santos Padres temiam o dinheiro e o consideravam pecaminoso,<br />

talvez, modernamente, mais razão tenha Lord Keynes quando, na sua Teoria<br />

Geral, observa que "perigosas tendências humanas podem ser canalizadas em<br />

direção a metas inofensivas pela existência de oportunidades de acumular<br />

dinheiro e fortuna privada, o que, se não puderem ser satisfeitas desse modo, são<br />

susceptíveis de encontrar satisfação na procura temerária do poder pessoal da<br />

autoridade... É melhor que um homem tiranize sua conta bancária do que seus<br />

concidadãos"... O homem sofre de fato de sua irreprimível Vontade de Poder.<br />

Sofre da pleonexia de que falavam os gregos: querer mais, sempre mais. O desejo<br />

de enriquecer é uma forma pacífica de realizá-la. Os regimes totalitários modernos<br />

bem demonstram o resultado da abolição dessa escapatória inofensiva, num<br />

desvio da pleonexia que abandona a indústria e se dedica à opressão e à guerra.<br />

Vale a pena?<br />

Ricos e pobres já se digladiavam na Grécia do século V antes de Cristo.<br />

Os conflitos sociais entre aristocratas e democratas que ensanguentaram as poleis<br />

gregas, assim como provocaram enfrentamentos entre as poleis entre si, a rica e<br />

mercadora Atenas contra a ascética e guerreira Esparta, ao tempo de Sócrates e<br />

de Platão, resultavam de rivalidade de poder e de ressentimentos econômicos.<br />

Tais guerras civis contribuíram para a decadência da Hellas, entregando-a aos reis<br />

e diádocos da Macedônia. O mesmo tipo de conflito social entre ricos e pobres<br />

estraçalhou Roma na época final da República. A velha Roma era austera, viril e<br />

trabalhadora. Com a conquista do Império, aos poucos se corrompeu pela riqueza.<br />

As lutas sociais que marcaram o declínio da República e a fundação do regime<br />

imperial cesarista foram resultado de competição entre velhas famílias patrícias,<br />

com assento no Senado, e a plebe que crescia com a extensão progressiva da<br />

cidadania. Roma conheceu mesmo revoltas de escravos, como o episódio<br />

encabeçado por Spartacus. Marius, os Gracos e ambiciosos patrícios como Júlio<br />

César e Octaviano Augusto tornaram-se líderes da plebe, verdadeiros populistas,<br />

e derrubaram a República. Entre os plebeus e mesmo entre escravos libertos<br />

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