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José Osvaldo De Meira Penna

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chefe de família), constitui hoje a agricultura americana um triunfo do capitalismo<br />

democrático, de tal modo que o filósofo polonês Leszek Kolakowski declarou, em<br />

discurso na Universidade de Brasília em 1982, que não temia o triunfo da União<br />

Soviética, no mundo, simplesmente porque os russos necessitariam manter vivo o<br />

capitalismo agrícola americano pelo simples imperativo de não morrerem de<br />

fome... Os acontecimentos atuais confirmam essa previsão.<br />

Ouçam esta pequena anedota que ouvi na Polônia: a uma criança, numa<br />

escola polonesa, pediram para trazer 10 zlotys para os órfãos do Afeganistão.<br />

Negou-se. Da segunda vez, o professor solicitou 10 zlotys para os famintos do<br />

Afeganistão. Negou-se. Da terceira vez, o Diretor da escola insistiu no pedido de<br />

10 zlotys para os sindicatos comunistas do Afeganistão. O menino trouxe então 30<br />

zlotys: "meu pai me disse que se há sindicatos comunistas no Afeganistão, então<br />

deve ali, realmente, haver órfãos e famintos"...<br />

E ouçam este outro exemplo de humor polonês: "O operário entra no<br />

açougue, em Cracóvia, dirige-se ao funcionário estatal encarregado de vender as<br />

carnes e pede: - Meio quilo de contrafilé. A resposta, displicente: - Acabou. - Então,<br />

um pedaço de alcatra. - Niemá: Não tem... O comprador passa, então, a desfilar<br />

todos os tipos de carnes e variações possíveis que conhecia: filé, chã-de-dentro,<br />

galinha, lagarto, pato, coelho, linguiça, salsicha, salame... E como resposta<br />

sempre a mesma negativa: Niemá, Niemá, "não tem". Por fim, o operário retirouse,<br />

desconsolado, mas não sem ouvir um comentário do burocrata da carne: - Mas<br />

que memória, camarada!"<br />

Mas, ouçam agora o que nos diz um teólogo da esquerdigreja. Sua<br />

eminência reverendíssima o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, menosprezando<br />

totalmente a lógica aristotélica, num de seus sermões na catedral de S. Paulo,<br />

afirmou ser "socialista" porque deseja que todos os camponeses brasileiros sejam<br />

donos de suas terras. Poderia registrar-se maior confusão semântica? Poderia<br />

descobrir-se melhor explicação para os mal entendidos que estão surgindo a<br />

propósito da reforma agrária? O desejo que todo camponês brasileiro seja dono<br />

de sua terra é desejo universal; é desejo eminentemente capitalista; é uma<br />

proposta que segue, precisamente, o modelo que determinou a redação das<br />

Homestead Laws americanas. O socialismo, segundo entendo por todos os<br />

critérios conhecidos de economia política, representa um sistema que implica a<br />

socialização dos meios de produção, ou seja, a estatização ou coletivização de<br />

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