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José Osvaldo De Meira Penna

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mais poupam e são capazes de procurarem honestamente a defesa de seus<br />

interesses, são também aqueles que vencem. O fair-play da competição egoísta<br />

exige um campo de ação determinado numa sociedade racional e legalmente<br />

estruturada. No confronto entre dois negociantes, entre dois capitalistas, entre dois<br />

empresários, entre dois trabalhadores ou entre um trabalhador e um industrial, o<br />

impulso natural de agressão e de cobiça deve ser coibido por restrições morais.<br />

Ambos reconhecem implicitamente a precariedade de sua postura. O problema<br />

central é dessa humildade e coibição moral (moral restraint). Ele não deve permitir<br />

a ultrapassagem do patamar da violência. <strong>De</strong>ve evitar que o campo de ação se<br />

transforme numa arena maquiavélica em que reine a força do tigre e a astúcia da<br />

raposa. O Estado de direito deve estar aí para punir o transgressor.<br />

O problema filosófico da economia, há 200 anos, é o problema do<br />

confronto dialético entre a "ciência medonha" e a "filosofia moral". Mandevilie,<br />

Smith, Malthus e os propugnadores do laissez-faire, os darwinistas sociais,<br />

Spencer, os economistas liberais e, na nossa época, os autores da linhagem de<br />

Von Mises, homens como Friedman e Buchanan, e sobretudo o grande filósofo do<br />

neoliberalismo, Hayek, e mesmo personalidades singulares, utópicas e<br />

extremadas como Murray Rothbard e Ayn Rand - todos eles sustentam a ideia de<br />

que o capitalismo implica uma nova ética, revolucionária. Com risco de parecer<br />

temerário, eu diria que a "transformação de todos os valores" de Nietzsche escora,<br />

fiiosoficamente, essa nova maneira de pensar. A nova ética econômica num novo<br />

mundo liberal é irremissivelmente transformada pela ciência e a tecnologia, pela<br />

revolução industrial e pelo desenvolvimento em escala universal, transcendendo<br />

os limites do Estado-Nação soberano. Reconheçamos que, para os<br />

propugnadores da "ciência medonha", para Rousseau, Babeuf, os conservadores<br />

reacionários do retorno ao feudalismo medieval, os socialistas utópicos, os<br />

positivistas, os marxistas, os nacional-socialistas e social-democratas, os fabianos<br />

e trabalhistas, os padres da "doutrina social da Igreja" a partir de Leão XIII e da<br />

"opção preferencial pelos pobres" - a economia política liberal, isto é, o capitalismo<br />

des-moraliza a economia, des-socializa o homem, lançando-o às garras do<br />

individualismo egoísta e destruindo a civilização por seu materialismo agnóstico. A<br />

polêmica é essa. Considerai que, no Brasil, estamos em pleno debate sobre o<br />

tema que se estendeu ao âmago da Constituinte. Repete-se a alternativa:<br />

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