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José Osvaldo De Meira Penna

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donas de sua terra, ou seja, o número de famílias capitalistas, não está longe do<br />

número de famílias dos sem-terra, isto é, de famílias do proletariado rural. Essa<br />

constatação contraria todo o arrazoado marxista, hoje imperante nos meios da<br />

esquerdigreja, já não tão festiva, mas antes glasnostálgica, a qual argumenta que<br />

uma massa imensa de camponeses miseráveis, ambicionando a terra, é oprimida<br />

por um número limitadíssimo de latifundiários egoístas e assassinos.<br />

<strong>De</strong> qualquer forma, seriam necessários dados mais exatos para um estudo<br />

aprofundado da matéria. Tais dados existiriam porventura? As estatísticas em<br />

nosso país são, comprovadamente, inexatas. Nesse terreno é também geral a<br />

confusão. A confusão é geral, inclusive, porque, no Estado cartorial, os cartórios<br />

não funcionam, os documentos se perdem, os registros são amiúde falsificados,<br />

os marcos de terra são imprecisos, os posseiros se acumulam uns sobre os<br />

outros, não se pode confiar na justiça, os boatos circulam e ninguém deseja<br />

discutir em bases racionais, preferindo fazê-lo segundo o princípio da<br />

irracionalidade e do absurdo, o absurdo exaltado pelo poeta maranhense acima<br />

citado. Será de admirar, então, que a questão agrária descambe para o insulto, a<br />

mentira ideológica, a calúnia, a baderna, a agressão e, finalmente, a bala?<br />

É fácil interpretar tendenciosamente os dados, em benefício de<br />

preconceitos ideológicos. Se dissermos, por exemplo, que apenas 3% da<br />

população americana detém toda a propriedade agrícola dos EEUU, poderíamos<br />

receber a impressão de uma extraordinária e injusta concentração, capaz de<br />

valorizar uma interpretação marxista da situação. Na realidade, a estrutura rural<br />

americana é uma das mais democráticas e eficientes do mundo; apenas seis ou<br />

sete milhões de farmers (os donos daquela área agrícola) produzem,<br />

aproximadamente, 160 a 170 bilhões de dólares por ano, o suficiente para<br />

alimentar toda a população, criando ainda excedentes a serem vendidos a países<br />

socialistas, como a URSS (que depende do trigo americano para alimentar-se), e a<br />

vários países do Terceiro Mundo; os fazendeiros americanos cultivam as suas<br />

próprias terras. A agricultura é mecanizada. Há poucos assalariados no campo,<br />

salvo em alguns estados como a Califórnia, o Texas e a Flórida, onde aparecem<br />

chicanos e cubiches hispânicos para certos cultivos específicos, como o de<br />

árvores frutíferas que exigem abundante mão-de-obra. Favorecida, a partir de<br />

1835, e da presidência de Lincoln, com uma série de medidas de reforma agrária<br />

(as Homestead Laws, destinadas a assegurar a posse efetiva da terra a todo<br />

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