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José Osvaldo De Meira Penna

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ocorre no estado de natureza". O governo civil é assim, para Locke, o resultado de<br />

um acordo racional e legal entre os indivíduos que constituem um grupo político,<br />

tendo como objetivo a defesa de seus interesses como proprietários. O poder<br />

político consiste, segundo Locke, no direito de fazer leis para a regulamentação e<br />

preservação da propriedade, empregando a força da comunidade na execução de<br />

tais leis e na defesa da commonwealth contra ataques externos, em benefício do<br />

bem comum. Em meados do século XIX, Herbert Spencer conceberia a evolução<br />

da sociedade de um tipo militar, belicoso e agressivo, para um tipo industrial: as<br />

sociedades mais evoluídas perceberiam que mais têm a ganhar pela indústria e o<br />

comércio, do que pela guerra. É fato que essa concepção evolucionista melhor se<br />

conforma com o tipo de sociedade democrática e liberal que se desenvolveu entre<br />

os povos anglo-saxônicos, a partir da Revolução Gloriosa de 1688, inspirada no<br />

pensamento de Locke - do que com o tipo de sociedade tradicional, aristocrática,<br />

belicista, absolutista, autoritária e, eventualmente, totalitária, que procura a<br />

satisfação dos interesses de seus cidadãos pela força, a agressão, a astúcia e a<br />

guerra. O mundo moderno está assistindo ao conflito entre esses dois modelos<br />

que correspondem, respectivamente, ao comportamento agressivo e egoísta no<br />

relacionamento humano e ao relacionamento de natureza racional, comercial ou<br />

econômico. Três grandes nações fizeram ou estão fazendo, neste século, a dura<br />

aprendizagem desse progresso cultural e ético: os alemães, os japoneses e os<br />

russos. O anno mirabilis de 1989 parece haver constituído um marco histórico<br />

memorável nessa pedagogia da Humanidade.<br />

5. Será o liberalismo econômico materialista?<br />

No livro seminal que, inicialmente, o tornou conhecido e polêmico, e que<br />

foi publicado em plena 2ª Guerra Mundial (The Road to Serfdom, 1944), Friedrich<br />

Hayek acentua que, "afora o caso patológico do avarento (...) os objetivos últimos<br />

da atividade de seres racionais nunca são econômicos". É uma noção errônea,<br />

continua Hayek, o ponto de vista de que existe uma distinção entre objetivos<br />

meramente econômicos e outros objetivos da existência. Rigorosamente falando,<br />

"não existe interesse econômico, mas apenas fatores que condicionam nossos<br />

esforços para alcançar outros fins". Aquilo que, na linguagem comum, se costuma<br />

definir, por equívoco, como interesse econômico significa apenas "o desejo de<br />

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