14.04.2013 Views

José Osvaldo De Meira Penna

José Osvaldo De Meira Penna

José Osvaldo De Meira Penna

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A abundância de petrodólares no mercado mundial induziu os estatizantes a<br />

preferirem o método do endividamento externo, para acelerar o desenvolvimento,<br />

ao de acolher investimentos industriais alienígenas. Achavam os nacionalsocialistas<br />

que era melhor pagar juros de um capital que iríamos controlar, do que<br />

autorizar a remessa de lucros do capitalista estrangeiro independente. Os<br />

petrodólares reciclados pelos bancos vieram, foram às vezes bem aplicados<br />

(Itaipú, Carajás, metrôs do Rio e de S. Paulo, petroquímica, etc), e foram outras<br />

vezes escandalosamente esbanjados pela burocracia estatal inepta e corrupta.<br />

Por que os dois respeitáveis intelectuais tucanos não confessam sua própria<br />

responsabilidade ideológica, no processo de engorda do dinossauro estatal que<br />

gerou o monstro da dívida? Lembro-me que, há uns dois ou três anos, fui<br />

convidado a participar de um painel na Escola Superior de Guerra, a respeito do<br />

tema "O Brasil e o Leste europeu". Enfrentava na mesa o simpático e culto<br />

professor carioca. O problema a ser discutido era o relacionamento do Brasil com<br />

o mundo comunista. Jaguaribe, porém, repetidamente desviou o debate do tema<br />

do painel para denunciar, apaixonadamente, os banqueiros estrangeiros credores,<br />

assim colhendo louros de simpatia e popularidade do público beato naquele alto<br />

educandário. Foi completamente obscurecida a seríssima problemáticaa ser<br />

debatida: a do enfrentamento, no mundo moderno, da democracia liberal do<br />

ocidente com o totalitarismo nacional-comunista, contra o qual o meu adversário<br />

não pronunciou uma palavra sequer.<br />

Na página inteira do Caderno de Sábado do JT de 27 de janeiro de 1990,<br />

o emérito sociólogo e membro da executiva do PSDB envolve-se numa extensa<br />

semântica dos conceitos de "arcaico" e "moderno", e na apreciação dos termos<br />

ideológicos "esquerda" e "direita". Assinala Jaguaribe, com elogiável clareza e<br />

precisão cartesiana, que "a direita arcaica, sustentadora da legitimidade do<br />

privilégio de casta ou classe, deixou de existir no mundo ocidental"; e acentua<br />

ainda que "a esquerda arcaica, fundada numa concepção estatizante,<br />

burocratizante e centralizadora da economia e da sociedade, sofreu amplo e<br />

profundo descrédito com a perestroika e a glasnost do presidente Gorbachov e<br />

com a derrocada dos regimes comunistas da Europa de Leste"... "A esquerda<br />

arcaica, entretanto", acrescenta Jaguaribe, "persiste no Terceiro Mundo e tem<br />

importante presença no Brasil". Otchim arachôl aplaudo eu. A opinião coincide<br />

exatamente com a nossa e a considero perfeitamente condizente com tudo que<br />

179

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!