Obra Completa - Universidade de Coimbra

tirada da lei geral de LE CHATELIER. O fenómeno que
se opera no sistema, é sempre aquêle que corresponde
a uma baixa no valor da força actuante: é pois, como
se o sistema respondesse por um «fenómeno recíproco»
que se opozesse a uma parte dessa fôrça, anulando-a
em certo grau.
Partindo de factos originariamente biológicos, e como
exclusivos do mundo vivo considerados, vimos nesta excursão
pelas sciências físico-químicas, que todos os corpos
sem distinção se englobam num mesmo aspecto de
reacção geral, contra as forças sôbre êles incidentes.
Já não é só o conceito da evolução que se estende
ao conjunto de todos os corpos, é também o instinto
da conservação que, à luz dos princípios expostos, se
universaliza por toda a matéria.
A evolução e o instinto de conservação, ou sejam,
fenómenos de defesa, de adaptação e diferenciação
forçadas, não são caraterísticas irredutíveis dos seres
vivos. Pertencem à universalidade dos corpos organizados
e inorgânicos, como expressão talvez de uma
mais alta vida em que evolucionam os mundos.
Com essa significação ou com outra, o que não podemos
negar é que, no estreito âmbito em que à volta
de nós se desenrola a actividade geral da matéria e
da vida, os dois conceitos de «evolução» e «resistência
à variação» impõem-se-nos sugerindo a figuração mecânica
de duas forças que, não sendo iguais mas de
direcção oposta, uma só tem por efeito retardar a aceleração
da outra.
Nos seres vivos, os factos que podem subordinar-se
ao princípio da resistência à variação tomam aspectos
interessantes.
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