Obra Completa - Universidade de Coimbra

Fisiologia anagénica 77
bêm o glicogénio é estranho aos seus discos contracteis.
Num caso como no outro, a máquina está, e o
combustível vem de fóra.
A legitimidade das hipóteses que tenho apresentado
devem inspirar prevenção, contra o caracter dogmático
com que ROGER e muitos outros põem o problema da
dinamogenia muscular, que não passa verdadeiramente
dum caso especial de dinamogenia celular, engrossado
por uma diferenciação estrutural de longa evolução
filogénica. E, porque não julgo tal doutrina com elementos
de resolução satisfatória, a respeito dêste importante
problema, aditarei mais algumas considerações.
A noção da degradação da energia agitada pelo
segundo princípio de CARNOT e, principalmente, pela
expressão que lhe deu CLAUSIUS, indica-nos o calor
como a forma inferior de energia, a que vão dar todas
as outras formas, degradando-se.
Aparece sempre, concomitantemente com a actividade
das outras modalidades, absorvendo em seu proveito
uma parte do potencial destinado à produção
daquelas. Por sua vez, porém, o calor também pode
tornar-se fonte de energia química, de trabalho, etc.
O homem aplica-o nas máquinas industriais dispostas
de maneira a dar, como efeito útil, uma certa quantidade
de trabalho mecânico, na execução de operações
diversas.
O homem maneja por esta forma aquela valiosa
energia, e parece que dêste esquêma tira molde para
explicar as transformações energéticas da natureza.
Mas vejamos: a elaboração hidrocarbonada, feita pela
clorofila, é uma síntese energética, diz-se endotérmica;