Obra Completa - Universidade de Coimbra

78 O Fenómeno "biológico
a destruição do hidrocarbonado glicose, no músculo, é
uma reacção exotérmica. Mede-se no laboratório a
quantidade de calor que absorve a síntese, e a quantidade
de calor desenvolvido pela combustão.
Ora a síntese da glicose e do amido, passando pelos
trâmites químicos que indica a hipótese de BAYER,
mesmo aparte o embaraço do aldeíde fórmico ser venenoso
para a planta, exige o emprego de reagentes
e temperaturas absolutamente incompatíveis com a
existência da função clorofiliana, e até destruidores
da planta inteira. Por isso, embora a síntese seja quimicamente
endotérmica, na planta, certamente, realiza-se
sem a intervenção de tal calor. Outra energia entra
em jogo, diversa da que se maneja no laboratório, e
porventura também diferente da energia luminosa que
vemos intervir na planta.
O laboratório realiza as operações de síntese sem
recorrer à luz, e a planta elabora a mesma síntese
sem recorrer ao calor. Isto mostra que nenhuma destas
modalidades de energia é duma eficiência absoluta
e exclusiva, a respeito da elaboração sintética de que
se trata.
Por outro lado, sabemos que a hidratação do glicogénio,
isómero do amido, para passar a glicose, e a
combustão da glicose, quer pelo oxigénio directo quer
pela diastase glicolitica de LEPINE, OU a alcooláse de
BATTALI e STERN, são nítidas reacções exotérmicas.
Dizer, agora, que no músculo é êsse calor que produz
o movimento, é o mesmo que pretender que, na
planta, seja o calor do laboratório que produz a síntese.
E tal afirmação é contrária aos factos.