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Marginalia - Curso Objetivo

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São eles os heróis; são eles os reformadores; são eles os iludidos; são eles que<br />

trazem as grandes idéias, para melhoria das condições da existência da nossa triste<br />

Humanidade.<br />

Nunca foram os homens de bom senso, os honestos burgueses ali da esquina ou das<br />

secretarias "chics" que fizeram as grandes reformas no mundo.<br />

Todas elas têm sido feitas por homens, e, às vezes mesmo mulheres, tidas por<br />

doidos.<br />

A divisa deles consiste em não ser panurgianos e seguir a opinião de todos, por isso<br />

mesmo podem ver mais longe do que os outros.<br />

Se nós tivéssemos sempre a opinião da maioria, estaríamos ainda no Cro-Magnon e<br />

não teríamos saído das cavernas.<br />

O que é preciso, portanto, é que cada qual respeite a opinião de qualquer, para que<br />

desse choque surja o esclarecimento do nosso destino, para própria felicidade da espécie<br />

humana.<br />

Entretanto, no Brasil, não se quer isto. Procura-se abafar as opiniões, para só deixar<br />

em campo os desejos dos poderosos e prepotentes.<br />

Os órgãos de publicidade por onde se podiam elas revelar, são fechados e não<br />

aceitam nada que os possa lesar.<br />

Dessa forma, quem, como eu, nasceu pobre e não quer ceder uma linha da sua<br />

independência de espírito e inteligência, só tem que fazer elogios à Morte.<br />

Ela é a grande libertadora que não recusa os seus benefícios a quem lhe pede. Ela<br />

nos resgata e nos leva à luz de Deus.<br />

Sendo assim, eu a sagro, antes que ela me sagre na minha pobreza, na minha<br />

infelicidade, na minha desgraça e na minha honestidade. Ao vencedor, as batatas!<br />

A MINHA CANDIDATURA<br />

Vou escrever um artigo perfeitamente pessoal; e é preciso. Sou candidato à<br />

Academia de Letras, na vaga do Sr. Paulo Barreto. Não há nada mais justo e justificável.<br />

Além de produções avulsas em jornais e revistas, sou autor de cinco volumes, muito bem<br />

recebidos pelos maiores homens de inteligência de meu país. Nunca lhes solicitei semelhantes<br />

favores; nunca mendiguei elogios. Portanto, creio que a minha candidatura é perfeitamente<br />

legítima, não tem nada de indecente. Mas... chegam certos sujeitos absolutamente desleais,<br />

que não confiam nos seus próprios méritos, que têm títulos literários equívocos e vão para os<br />

jornais e abrem uma subscrição em favor de suas pretensões acadêmicas.<br />

Que eles sejam candidatos, é muito justo; mas que procurem desmerecer os seus<br />

concorrentes, é coisa contra a qual eu protesto.<br />

Se não disponho do Correio da Manhã ou do O Jornal, para me estamparem o nome<br />

e o retrato, sou alguma coisa nas letras brasileiras e ocultarem o meu nome ou o<br />

desmerecerem, é uma injustiça contra a qual eu me levanto com todas as armas ao meu<br />

alcance.<br />

Eu sou escritor e, seja grande ou pequeno, tenho direito a pleitear as recompensas<br />

que o Brasil dá aos que se distinguem na sua literatura.<br />

Apesar de não ser menino, não estou disposto a sofrer injúrias nem a me deixar<br />

aniquilar pelas gritarias de jornais.<br />

Eu não temo abaixo-assinados em matéria de Letras.

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