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Marginalia - Curso Objetivo

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colonial, tinham em mira, quando dividiram e subdividiram o Brasil, criar nele<br />

nacionalidades. O seu fito era outro: era obter províncias, comarcas, capitanias, termos, que,<br />

por meio de delegados seus, neles prepostos, permitissem ser mais bem dirigidas estas terras.<br />

O Amazonas e o Paraná nasceram ontem...<br />

Não se trata de linhas rígidas e imobilizadas no tempo. A precisão era-lhes então<br />

absolutamente indiferente, por muitas razões. Uma delas é que eles, ambos os governos,<br />

podiam alterá-las quando quisessem; uma outra é que a topografia do interior brasileiro devia<br />

ser mal conhecida, baralhada de denominações e corruptelas de denominações tupaicas, que<br />

cada um pronunciava a seu modo; e há outras causas que agora me escapam, para dar a tais<br />

documentos um valor muito relativo e sem valor para nós outros, agora que queremos<br />

organizar pequenas pátrias.<br />

Podem objetar que, quanto aqui, o Distrito Federal, segundo a terminologia<br />

republicana, não militam tais causas. Não há tal. Nós podemos bem imaginar o que era tudo<br />

isto, há cerca de cem anos, quando a Regência criou, em 1833, o Município Neutro. Era o<br />

indistinto. A barafunda devia ter sido a mesma, como nas outras partes do Brasil, tanto assim<br />

que um Ministro de Estado, o Conselheiro Chichorro da Gama, aludindo a obras do canal da<br />

Pavuna relatou-as à Assembléia Geral do Império, como estando sendo efetuados na<br />

Província do Rio de Janeiro e no Município do Iguaçu.<br />

Os limites do atual Distrito Federal, entretanto, já haviam sido fixados no ano<br />

anterior. Aprendi tudo isto na obra do amigo Noronha Santos (o da Prefeitura), e não quero<br />

com isso de forma alguma diminuir-lhe o trabalho e o mérito.<br />

O que me parece, entretanto, é que semelhantes trabalhos, que demandam tantas<br />

qualidades de inteligência e caráter, podiam ser mais bem empregados para um mais perfeito<br />

conhecimento da fisionomia do nosso povoamento, dos seus caminhos, das razões de fixação<br />

da população aqui e ali, onde e por que influíram os índios e as suas denominações locais,<br />

onde e por que aconteceu tal coisa com os negros e onde e por que se deu tal com os<br />

portugueses, não esquecendo as pequenas localidades onde todos estes três elementos se<br />

misturaram.<br />

Considerações ligeiras sobre trabalho de tanta monta, elas só têm por fim justificar<br />

ao meu ilustre amigo, Dr. Noronha Santos, as palavras que lhe disse, no Arquivo Municipal,<br />

há dias:<br />

- Estas questões não têm, para mim, senão uma importância mínima. Deviam ser<br />

resolvidas por amigável acordo.<br />

* * *<br />

Temo muito transformar esta minha colaboração no A.B.C., em crônica literária;<br />

mas recebo tantas obras e a minha vida é de tal irregularidade, a ponto de atingir as minhas<br />

próprias algibeiras, que, na impossibilidade de acusar logo o recebimento das obras, me vejo<br />

na contingência de fazê-lo por este modo, a fim de não parecer inteiramente grosseiro.<br />

Está neste caso o trabalho do Sr. Orris Soares, a quem aqui muito conheci, mas que<br />

me chega da atualmente benfazeja Paraíba. Chama-se Rogério e é um drama em três atos.<br />

O Sr. Soares é autor de mais quatro outras peças, das quais três consideráveis, sendo<br />

que uma destas, - A Cisma - foi aqui muito elogiada, quando publicada, porque o dramaturgo<br />

não tem tido a felicidade de obter a representação das suas produções teatrais. E é pena,<br />

porquanto, pela leitura - estou julgando por esta do Rogério - elas deviam ser merecedoras<br />

dessa experiência.<br />

Na atual o autor intenta o estudo do drama íntimo que se deve passar no peito de um<br />

revolucionário, generoso e sincero, originado pelo choque e luta entre a violência e a<br />

brandura, com os respectivos cortejos de sentimentos derivados.

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