Marginalia - Curso Objetivo
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sempre eternamente por todos os séculos dos séculos. Amém. Quem tiver esta oração deve<br />
distribuir durante nove dias a nove pessoas cada dia uma e no fim dos nove dias terá uma<br />
alegria em sua casa. Em Jesus a bem dizer que quem não fizer caso desta oração sofrerá um<br />
castigo grave perda em família. Esta oração foi enviada pelo Bispo Rio l.o de janeiro de<br />
1913."<br />
Aos leitores que têm fé, eu peço que sigam as prescrições que essa oração<br />
recomenda. Não as segui porque, infelizmente, muito infelizmente mesmo, confesso que não<br />
creio, apesar da minha vaga e imponderável religiosidade.<br />
Hoje, 3-4-1919.<br />
X<br />
RESTOS DO "TABU" ANCESTRAL<br />
O comandante Baratier, que deve ser hoje general, foi encarregado por Marchand de<br />
abrir a sua marcha através das origens ocidentais do Nilo, em demanda de Fáchoda, no Sudão<br />
egípcio.<br />
Ainda é da memória de todos a repercussão que, no mundo inteiro, teve a ocupação<br />
desse lugarejo desconhecido, pelas tropas francesas. A guerra quase estalou entre a França e a<br />
Inglaterra; e o povo francês quis mostrar a sua reprovação ao ato do seu governo, fazendo<br />
desocupar aquele lugarejo do alto Nilo, com uma ovação, um verdadeiro triunfo ao<br />
comandante Marchand, quando chegou a Paris. Elevado assim na estima popular, o obscuro<br />
soldado colonial convenceu-se de seu excepcional heroísmo e desandou em delirar de<br />
orgulho.<br />
Tantas fez, que acabou pedindo demissão do Exército francês, para ir servir no<br />
russo, a convite, dizia ele, do próprio Czar, embora não fosse.<br />
Baratier, retomando o meu primitivo propósito, empreendeu a viagem com vinte e<br />
cinco atiradores senegaleses, dez auxiliares de outra proveniência e um intérprete árabe. A sua<br />
viagem é muito interessante e dela ele próprio publicou uma viva narração.<br />
Emaranhado numa teia espessa de ervas aquáticas o "umsuf" (ounun-souf), a sua<br />
parada teve um retardamento imprevisto e os viveres se esgotaram.<br />
Com fome, certa vez, navegando em águas quase livres, avistou uma porção de<br />
grandes "marabuts" empoleirados nos galhos de uma árvore, a crescer numa ilhota.<br />
Assim ele descreve a emoção de tão auspicioso encontro: "A leur vue tous les<br />
regards se sont allumés: ces fleurs sont vivants, ces feurs sont de la viande". Baratier ia<br />
apontar a carabina para abatê-los; mas logo os seus guias locais, "Djingues", se assustaram e<br />
ele viu bem que, fazendo tal coisa, os perderia irremediavelmente e toda a nação "Djingue"<br />
declarar-lhe-ia guerra sem tréguas. Após um instante de reflexão, segue o conselho do seu<br />
sargento, Moribah:<br />
- Ne tire pas".<br />
O "marabut" era tabu, por ser totem da tribo "Djingue", que habitava aquelas<br />
paragens.<br />
Essa aventura não é das mais eloqüentes, para demonstrar a força e o poder dessa<br />
crença do totem sobre as almas infantis desses povos retardados, ainda na infância da<br />
civilização. Há um outro mais estranho.<br />
A fome continua e eles acabam abatendo um hipopótamo. O gigantesco paquiderme<br />
jaz no chão meio decepado. O fogo crepita. Os homens impacientes de fome apanham os