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Marginalia - Curso Objetivo

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Qualquer dos contos do Sr. Mário Hora é um epítome da vida curiosa daquelas<br />

regiões, onde a crueldade se mistura com o cavalheirismo e o banditismo com a mais feroz<br />

honestidade.<br />

Aspectos desses de tão chocante contraste só podem ser colhidos por um artista de<br />

raça em que preocupações gramaticais e estilísticas não deturpem a naturalidade da linguagem<br />

dos personagens nem transformem a paisagem rala daquelas paragens em florestas<br />

da Índia.<br />

O autor dos Tabaréus e Tabaroas conseguiu isto e realizou com rara felicidade uma<br />

obra honesta, simples e sincera.<br />

É de esperar que ele não fique nisso e continue o trabalho a que se dedicou, não<br />

esquecendo de que ele bem pode servir para estudos de mais vulto.<br />

Careta, 24-6-1922.<br />

FETICHES E FANTOCHES<br />

O Sr. Agripino Grieco é merecedor de toda a atenção pelo livro que, com o título<br />

acima, acaba de publicar a Livraria Schettino.<br />

Não é que nessa obra haja grandes pontos de vista, uma larga visão da Arte e da<br />

Vida; mas há nele uma desenvoltura de dizer e um poder de expressão que bem denunciam as<br />

origens do autor.<br />

Há no volume do Sr. Grieco, conforme meu fraco juízo, grandes qualidades e<br />

grandes defeitos. Pode-se dizer dele o que alguém disse de Rabelais: quando ele é bom, é<br />

ótimo; quando é mau, é péssimo.<br />

O Sr. Agripino, conquanto seja um homem culto, falta-lhe, entretanto, certa idéia<br />

geral do Mundo e do Homem. Daí, as suas injustiças nos seus julgamentos. Sainte-Beuve,<br />

quando examinava um autor, procurava saber qual tinha sido a sua educação primeira. Isto é<br />

indispensável para aquilatar um autor.<br />

Nunca me despedi dessa lição do mestre das "Causeries du Lundi".<br />

No meu amigo Grieco se manifesta esse pequeno defeito, quando faz o exame e<br />

crítica de certos vultos da nossa atividade intelectual.<br />

Um exemplo que cito com amargor é a análise do Sr. Félix Pacheco, feita pelo autor<br />

do Fetiches e Fantoches.<br />

Não é do Sr. Félix Pacheco, senador e redator-chefe do Jornal do Comércio, de<br />

quem falo. É do Félix, protetor dos escritores desprezíveis ou desprezados a quem me refiro e<br />

de quem só tenho recebido homenagens; e, como eu, muitos outros da minha têmpera.<br />

Se o Sr. Agripino tivesse meditado mais, havia de ver que um homem como o Félix<br />

é uma necessidade na nossa literatura. Ele vê longe e largo.<br />

Careta, 2-9-1922.<br />

O PROFESSOR JEREMIAS<br />

A Revista do Brasil, de São Paulo, é hoje sem dúvida nenhuma publicação<br />

verdadeiramente revista, que existe no Brasil. Muitas outras há dignas de nota, corno a

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