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Marginalia - Curso Objetivo

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LIVROS<br />

Recebo-os às pencas, daqui e de acolá<br />

O meu desejo era dar notícia deles, quer fosse nesta ou naquela revista; mas também<br />

o meu intuito era noticiá-los honestamente, isto é, depois de tê-los lido e refletido sobre o que<br />

eles dizem. Infelizmente não posso fazer isso com a presteza que a ansiedade dos autores<br />

pede. A minha vida, se não é afanosa, é tumultuária e irregular, e a vou levando assim como<br />

Deus quer. Há mais de um mês - vejam só! - recebi o romance de meu amigo Ranulfo Prata -<br />

Dentro da Vida - e ainda não escrevi sobre ele uma linha.<br />

Tenho também, há bastante tempo, de outro amigo, Jackson de Figueiredo, uma obra<br />

sua recente - Pascal e a Inquietação moderna - da qual ainda não pude falar como ela merece.<br />

Entretanto os livros chovem sobre mim - coisa que muito me honra, mas com a qual<br />

me vejo atrapalhado, devido à falta de método na minha vida.<br />

Há dias veio ter-me às mãos um volumezito editado em Pernambuco, no Recife. Era<br />

assinado por uma senhora: D. Débora do Rego Monteiro, e tinha por título - Chico Ângelo.<br />

Trata-se de contos e curioso pus-me a lê-lo com açodamento. Encantou-me pela sua<br />

simplicidade, pela despretensão no escrever da autora - coisa rara em mulher - e pela<br />

maravilhosa meiguice em tratar os personagens e a paisagem; mas fi-lo de bonde, de forma<br />

que não é uma leitura meditada, como a obra de D. Débora requeria; mas foi uma leitura cheia<br />

de simpatia e boa vontade.<br />

A ilustre autora há de desculpar-me isso, mas quando se lembrar que a vida tem<br />

terríveis imperativos...<br />

Careta, 12-8-1922.<br />

LITERATURA MILITANTE<br />

Conheci O Sr. Carlos Malheiro (eu queria por o s) há dias, por apresentação de João<br />

Luso.<br />

Tive a mais bela impressão e o Sr. Carlos M. Dias pode ficar certo de que a idéia que<br />

eu fazia dele era muito diferente.<br />

Acreditava-o um literato janota, desses das montras para uso das damas<br />

alambicadas; e o notável romancista que aprecio e admiro, surgiu-me como a pessoa mais<br />

simples deste mundo.<br />

Falou-se muito naturalmente e o homem que eu pensava ter todo o escrúpulo em<br />

trocar quatro palavras comigo, em plena via pública, pareceu-me querer que me demorasse<br />

com ele a conversar. Agradecido.<br />

A vida tem dessas coisas; e, diz o povo, que não há como os homens conversarem,<br />

para se entenderem.<br />

Espero, justamente, que ele não leve a mal uns reparos que vou fazer sobre um seu<br />

recente artigo no O País intitulado - À margem do último livro de Anatole France.<br />

O que me feriu logo nele foi o primeiro período. Diz o autor da Paixão de Maria do<br />

Céu:

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