Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
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ESPECIALIZAÇÃO MILITAR E TALASSOCRACIA: A HEGEMONIA ATENIENSE NO SÉCULO V A.C.<br />
História da Guerra <strong>do</strong> Peloponeso. Nesta obra, o historia<strong>do</strong>r nos apresenta diversas<br />
<strong>de</strong>scrições quanto ao emprego <strong>de</strong> Solda<strong>do</strong>s-Mercenários 4 .<br />
Muitos ateniense viviam <strong>do</strong>s recursos pecuniários consegui<strong>do</strong>s como rema<strong>do</strong>res,<br />
Peter Jones nos aponta que Aristófanes se referia ao tranitais (os rema<strong>do</strong>res principais)<br />
como os “salva<strong>do</strong>res da cida<strong>de</strong>” e Aristóteles atribui a ascensão da <strong>de</strong>mocracia à “turba<br />
marinheiros” (JONES, 1997: 274). Contu<strong>do</strong>, tripular uma frota <strong>de</strong> sessenta barcos exigia<br />
aproximadamente <strong>de</strong>z mil rema<strong>do</strong>res. Entre 357 e 352 a.C., o número <strong>de</strong> trirremes<br />
atenienses chegava a 349 vasos, se tivesse que contar apenas com seus cidadãos e metécos<br />
(resi<strong>de</strong>ntes estrangeiros) para tripular a imensa frota que constantemente lançava ao mar,<br />
seria necessário recorrer também a Solda<strong>do</strong>s-Mercenários (JONES, 1997: 274).<br />
O Pireu era uma referência marítima <strong>do</strong> Mar Egeu, ali chegavam to<strong>do</strong>s que queriam<br />
algum emprego em relação ao mar, como por exemplo, a função <strong>de</strong> remeiro. A<strong>de</strong>mais, era<br />
possivel encontrar qualquer artefato necessário a uma aventura marítima: cordas, alcatrão,<br />
ma<strong>de</strong>iras para a construção naval, couro etc. (JONES, 1997: 275). Ao a<strong>do</strong>tar a contratação<br />
<strong>de</strong> Solda<strong>do</strong>s-Mercenários como força complementar ao seu exército polía<strong>de</strong>, Atenas pô<strong>de</strong><br />
se adaptar as mudanças <strong>de</strong> paradigmas que evi<strong>de</strong>nciaram o IV século a.C. - um perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
especialistas militares evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> por Solda<strong>do</strong>s-Mercenários.<br />
Apesar <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> <strong>de</strong>rrotada na Guerra <strong>do</strong> Peloponeso pelos espartanos em 404<br />
a.C., a polis <strong>do</strong>s atenienses teve parte <strong>de</strong> seu corpo <strong>de</strong> cidadãos com tempo disponível para<br />
cuidar <strong>do</strong>s assuntos políticos da pólis e por isso pô<strong>de</strong> se reerguer. Em 403 a.C. reestruturou<br />
a <strong>de</strong>mocracia manten<strong>do</strong> o sonho <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança e hegemonia política <strong>sobre</strong> as póleis da<br />
região; em 394 iniciou a reconstrução <strong>de</strong> sua muralha; em 373 volta a exigir <strong>de</strong> seus<br />
alia<strong>do</strong>s “contribuições” que somente a análise crítica permitiria i<strong>de</strong>ntificar que se tratava<br />
<strong>de</strong> tributação. Inclusive,os atenienses ao início <strong>do</strong> sécul IV a.C. iniciaram a fundação <strong>de</strong><br />
colônias <strong>do</strong> tipo Kleurúquias e pô<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma potência naval no Mar Egeu até<br />
338 a.C., quan<strong>do</strong> finalmente é <strong>de</strong>rrotada pelos macedênicos na Batalha <strong>de</strong> Queronéia<br />
(JONES, 1997: 249)<br />
4 Ver Tucídi<strong>de</strong>s (I. 115.4; II. 33.1, 70.3, 79.3; <strong>III</strong>. 18.1, 34.2, 85.3, 109.2; VI. 46.2, 129.3, 130.3, 131.3; VII.<br />
43.1, 57.3,9,11, 58.3; V<strong>III</strong>. 25.2, 28.4,38.3).<br />
NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE<br />
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