Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
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<strong>III</strong> ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEDITERRÂNEO ANTIGO<br />
X FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA DA UERJ<br />
- 62 -<br />
Danielle da Silva Tavares<br />
<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> bravuras, não se acostuman<strong>do</strong> à vida luxuosa e não da<strong>do</strong>s a <strong>de</strong>ixarem a sua<br />
<strong>de</strong>fesa nas mãos <strong>de</strong> terceiros. Como ele diz:<br />
Por isso é que nós encontramos entre os Árabes semi-selvagens e afeiçoa<strong>do</strong>s à<br />
vida errante um grau <strong>de</strong> bravura muito superior ao <strong>de</strong> que são capazes os homens<br />
policia<strong>do</strong>s por leis. As pessoas que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, viveram sob o controle <strong>de</strong><br />
uma autorida<strong>de</strong> que procura formar-lhes o caráter e ensinar-lhes as artes, as<br />
ciências e as práticas da religião formarão um povo, que, assim educa<strong>do</strong>, per<strong>de</strong><br />
muito <strong>de</strong> sua energia e não tenta quase nunca resistir a uma opressão<br />
(KHALDUN, 1958: 215-216).<br />
A ligação sanguínea constitui uma força a qual os homens reconhecem como sen<strong>do</strong><br />
natural. O parentesco exige a manifestação da solidarieda<strong>de</strong>. O isolamento é um tipo <strong>de</strong><br />
garantia segura contra a corrupção <strong>do</strong> sangue, resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> alianças contraídas com<br />
estrangeiros. Nessas tribos o direito <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> pertence a uma só família, e esta <strong>de</strong>ve<br />
<strong>sobre</strong>pujar as <strong>de</strong>mais com o espírito <strong>de</strong> grupo. Por isso, para que não perca a força, o<br />
coman<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve permanecer na mesma família. Como po<strong>de</strong>mos ver quan<strong>do</strong> Ibn Khaldun diz<br />
que:<br />
Com efeito, a reunião <strong>do</strong>s homens em socieda<strong>de</strong> e o espírito <strong>de</strong> clã, po<strong>de</strong>m ser<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como os elementos constitutivos <strong>do</strong> temperamento <strong>do</strong> corpo<br />
político (...), é preciso que um <strong>do</strong>s elementos pre<strong>do</strong>mine para que a constituição<br />
<strong>do</strong> ser seja perfeita. Eis por que a força constitui uma das condições essenciais<br />
para a manutenção <strong>do</strong> espírito <strong>de</strong> clã (KHALDUN, 1958: 226).<br />
A noção <strong>de</strong> se ter um ancestral comum representa a força que os impele a se<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem e estabelecer hegemonia em forma <strong>de</strong> dinastia ou <strong>de</strong> um império.