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Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

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<strong>III</strong> ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEDITERRÂNEO ANTIGO<br />

X FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA DA UERJ<br />

- 196 -<br />

Marcus Vinicius Ramos<br />

A progressiva expansão <strong>do</strong> cristianismo siríaco po<strong>de</strong>, portanto, ser consi<strong>de</strong>rada<br />

menos como um enfrentamento <strong>de</strong> um Deus único contra outras divinda<strong>de</strong>s e mais como a<br />

ressurreição <strong>de</strong> um sentimento religioso resultante <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento filosófico<br />

provoca<strong>do</strong> pela adição <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> greco-romano à rica mistura da cultura oriental, que<br />

abrangia um amplo complexo <strong>de</strong> rituais e teorias conecta<strong>do</strong>s a cultos diversos<br />

(HARNACK, 2005: 25-31).<br />

Os estu<strong>do</strong>s <strong>sobre</strong> as origens da cristanda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> suas relações com outros<br />

grupamentos religiosos se restringiram, durante séculos, a basicamente relatar a história da<br />

Igreja <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> Império Romano. A História eclesiástica, <strong>de</strong> Eusébio <strong>de</strong><br />

Cesárea, consi<strong>de</strong>rada como a primeira narrativa histórica escrita <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista cristão<br />

(publicada no início <strong>do</strong> séc.IV E.C.), atribui pouca ou quase nenhuma atenção às<br />

comunida<strong>de</strong>s cristãs situadas nas províncias orientais, praticamente ignoran<strong>do</strong> aquelas<br />

situadas em terras fronteiriças ao Império Sassânida. O peso <strong>de</strong>sse ‘mo<strong>de</strong>lo oci<strong>de</strong>ntal’ e a<br />

gran<strong>de</strong> influência daquela obra na história da Igreja nos séculos subseqüentes <strong>de</strong>ixaram a<br />

impressão que a cristanda<strong>de</strong> “teria se constituí<strong>do</strong> num fenômeno restrito ao mun<strong>do</strong> cultural<br />

greco-latino, uma vez rompi<strong>do</strong>s os laços que a ligavam às suas raízes judaicas”,<br />

praticamente marginalizan<strong>do</strong> uma terceira tradição cultural, a cristanda<strong>de</strong> siríaca (BROCK,<br />

1992: 212).<br />

A totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> corpus apócrifo <strong>de</strong> Daniel, incluin<strong>do</strong> os textos produzi<strong>do</strong>s na<br />

Antiguida<strong>de</strong> tardia e a alta Ida<strong>de</strong> Média foi publicada recentemente por Lorenzo<br />

DiTommaso. The Book of Daniel and the apocryphal Daniel literature (DITOMMASO,<br />

2005) é o primeiro trabalho acadêmico a relacionar, ainda que <strong>de</strong> forma genérica, o texto<br />

bíblico <strong>de</strong> Daniel aos diversos apocalipses a ele associa<strong>do</strong>s, enfatizan<strong>do</strong> a informação<br />

fornecida pelos manuscritos. Nesse volumoso corpus literário apenas <strong>do</strong>is textos escritos<br />

originalmente em siríaco são conheci<strong>do</strong>s - Do Jovem Daniel para o Senhor e o final <strong>do</strong>s<br />

tempos e A Revelação <strong>de</strong> Daniel, o Profeta, na Terra da Pérsia e Elam -, esse último<br />

também chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> Apocalipse Siríaco <strong>de</strong> Daniel. A versão em alemão <strong>do</strong> Jovem Daniel<br />

encontra-se incorporada à tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> <strong>de</strong> seu tradutor (SCHMOLDT, 1972: 25-105)<br />

e nunca foi publicada. Já o manuscrito que contém Apocalipse Siríaco <strong>de</strong> Daniel foi<br />

edita<strong>do</strong>, publica<strong>do</strong> e traduzi<strong>do</strong>, inicialmente para o esperanto sob o título Apokalipso <strong>de</strong><br />

Danielo Profeto en la Lan<strong>do</strong> Persio kaj Elamo (SLABCZYK, 2000) e logo <strong>de</strong>pois por<br />

Henze (2001), que publicou uma edição crítica, em inglês.

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