Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>III</strong> ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEDITERRÂNEO ANTIGO<br />
X FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA DA UERJ<br />
- 184 -<br />
Marcio Felipe Almeida da Silva<br />
Buscan<strong>do</strong> não prolongar as consi<strong>de</strong>rações acerca <strong>de</strong>ste tópico, compreen<strong>de</strong>mos que as<br />
respostas <strong>do</strong>s oráculos, principalmente <strong>de</strong> Siwa, agradaram Alexandre, uma vez que o soberano<br />
tinha como objetivo sua apoteosis. Em conseqüência, o senti<strong>do</strong> das palavras <strong>do</strong> sacer<strong>do</strong>te teriam<br />
si<strong>do</strong> altera<strong>do</strong> posteriormente, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os novos anseios <strong>do</strong> rei. Como bem <strong>de</strong>stacou Clau<strong>de</strong><br />
Mossé:<br />
Foi só mais tar<strong>de</strong>, com a extensão da conquista, e talvez para justificar os projetos<br />
concebi<strong>do</strong>s por Alexandre pouco antes <strong>de</strong> sua morte, que se <strong>de</strong>u esta resposta um senti<strong>do</strong><br />
que ela não tinha no momento da consulta ao oráculo. Alexandre, além disso, interrogara<br />
o <strong>de</strong>us para saber se havia castiga<strong>do</strong> com justiça os assassinos <strong>do</strong> pai. A resposta a essa<br />
segunda pergunta é que teria si<strong>do</strong> forjada tardiamente, no máximo quan<strong>do</strong> em 324, ele<br />
exigiu <strong>do</strong>s gregos que lhe prestassem honras divinas. Des<strong>de</strong> a Antiguida<strong>de</strong> ela teria si<strong>do</strong><br />
contesta, como atesta a observação <strong>de</strong> Plutarco <strong>sobre</strong> a confusão entre o s e o n (MOSSÉ,<br />
2004: 83) .<br />
Voltan<strong>do</strong> a refletir <strong>sobre</strong> os escritos <strong>do</strong> biógrafo <strong>de</strong> Queronéia, i<strong>de</strong>ntificamos nas suas<br />
páginas, o rei Alexandre como um personagem apaixonante, um homem que exalava um o<strong>do</strong>r<br />
agradável <strong>do</strong> qual as túnicas se impregnavam com o perfume, um rei que não era tenta<strong>do</strong> pelo<br />
luxo e pela cobiça, em diversas passagens teria ele se <strong>de</strong>sfeito <strong>de</strong> riquezas em favor <strong>do</strong> exército, e<br />
ainda quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong> por Pérdicas <strong>sobre</strong> o que guardaria para si, respon<strong>de</strong>u-lhe: “a<br />
esperança!”. Ainda abordan<strong>do</strong> a questão da riqueza, Plutarco faz várias alusões <strong>sobre</strong> a<br />
magnificência da Pérsia, sempre utilizan<strong>do</strong> termos referentes ao conceito <strong>de</strong> bárbaros, valen<strong>do</strong>-se<br />
assim <strong>do</strong> típico pensamento greco-romano, <strong>do</strong> asiático como vacilante, irracional e ganancioso. O<br />
autor faz questão <strong>de</strong> expor a extensão <strong>do</strong> império persa, afirman<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> o relato <strong>de</strong> Dinon que<br />
para mostrar seu po<strong>de</strong>r como os senhores <strong>do</strong> universos os reis persas buscavam água <strong>do</strong> Nilo e <strong>do</strong><br />
Íster (ambos nos limites <strong>do</strong>s reinos) e as <strong>de</strong>positavam com suas riquezas, simbolizan<strong>do</strong> a vastidão<br />
<strong>do</strong> império.<br />
Que a extensão e o luxo <strong>do</strong>s persas eram conheci<strong>do</strong>s no mun<strong>do</strong> antigo não temos dúvidas,<br />
afinal durante as guerras médicas gregos e aquemênidas mantiveram relações estreitas, entretanto<br />
o que nos parece mais plausível é que Plutarco tenha se preocupa<strong>do</strong> em <strong>de</strong>screver o po<strong>de</strong>rio persa<br />
com o intuito <strong>de</strong> valorizar ainda mais a conquista <strong>de</strong> Alexandre, que <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>rrota <strong>de</strong> Dario<br />
assume seu trono como senhor da Ásia e realiza uma façanha nunca vista antes. A própria<br />
narrativa <strong>do</strong> autor nos faz insistir nesta discussão, em certo ponto Demarato <strong>de</strong> Corinto teria aos<br />
prantos exclama<strong>do</strong>: “De que alegrias foste priva<strong>do</strong>, gregos que perecestes em combates antes <strong>de</strong><br />
ver Alexandre senta<strong>do</strong> no trono <strong>de</strong> Dario” (PLUTARCO, 2004: 94). Ainda nesta linha <strong>de</strong>