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Anais do III Encontro Nacional de Estudos sobre o Mediterrâneo ...

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<strong>III</strong> ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEDITERRÂNEO ANTIGO<br />

X FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA DA UERJ<br />

- 234 -<br />

Rennan <strong>de</strong> Souza Lemos<br />

contexto das práticas e concepções religiosas mais gerais da população egípcia sob o Reino<br />

Novo, tal como <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Anna Stevens (2006).<br />

Sen<strong>do</strong> assim, a discussão meto<strong>do</strong>lógica acerca da religião oficial e da religião<br />

popular <strong>de</strong> Karen Louise Jolly faz-se muito funcional para este caso egípcio. Ten<strong>do</strong> em<br />

vista a autora, os âmbitos oficial e popular das religiões compreen<strong>de</strong>m duas esferas não <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong> distintas e opostas: configuram <strong>do</strong>is <strong>do</strong>mínios em constante interação, sen<strong>do</strong> a religião<br />

popular “a esfera mais compreensiva e mais amorfa, que incorpora uma vasta parte da<br />

população e das práticas”, enquanto a religião formal po<strong>de</strong> ser entendida como sen<strong>do</strong><br />

aquela esfera “menor, mais estreita, composta por uma minoria <strong>do</strong>minante em relação ao<br />

total das práticas religiosas” (JOLLY, 1996, 18).<br />

Religião popular, então, po<strong>de</strong> ser entendida como “a categoria mais inclusiva, na<br />

medida em que se relaciona com as crenças religiosas mais gerais e as práticas <strong>de</strong> toda a<br />

comunida<strong>de</strong>, não com indivíduos seleciona<strong>do</strong>s ou instituições específicas” (JOLLY, 1996:<br />

19). Pensan<strong>do</strong> o contexto das conversões ao cristianismo na Inglaterra medieval, Jolly<br />

consi<strong>de</strong>ra religião popular<br />

(...) como um recorte da uma cultura maior e mais complexa, consiste nas<br />

crenças e práticas comuns à maioria das pessoas. Engloba a totalida<strong>de</strong> da<br />

cristanda<strong>de</strong>, incluin<strong>do</strong> o aspecto formal da religião, assim como a experiência<br />

religiosa geral da vida cotidiana. Essas práticas populares incluem rituais que<br />

marcam os ciclos da vida (nascimento, casamento e morte), <strong>de</strong> luta contra o<br />

<strong>sobre</strong>natural (<strong>do</strong>ença e perigo), ou <strong>de</strong> garantia da segurança espiritual (pósmorte).<br />

A crença popular é refletida nesses rituais e em outros símbolos<br />

mostra<strong>do</strong>s na socieda<strong>de</strong>, tais como pinturas, santuários e relíquias (JOLLY,<br />

1996: 09).<br />

Entretanto, o termo “religiosida<strong>de</strong>” ao invés <strong>de</strong> “religião popular”, talvez possa ser<br />

emprega<strong>do</strong>; isto porque, segun<strong>do</strong> Julian Pitt-Rivers, este termo busca a superação da noção<br />

<strong>de</strong> “superstição” – <strong>de</strong> forte carga pejorativa – assim como a <strong>de</strong> “religião popular” – que<br />

po<strong>de</strong> ser entendida como algo diferente <strong>do</strong> fenômeno religioso mais geral, e também<br />

implicar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que práticas religiosas populares são regidas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com regras<br />

pre<strong>de</strong>finidas, tal como na religião dita “oficial” (PITT-RIVERS, 1989).<br />

De qualquer forma, levan<strong>do</strong>-se conta esses pressupostos, o aspecto estatal e o<br />

templário da religião egípcia antiga po<strong>de</strong>m ser inseri<strong>do</strong>s no âmbito formal ou oficial da<br />

religião, na medida em que, ten<strong>do</strong> em vista Jolly, incluíam apenas uma minoria <strong>de</strong> pessoas:<br />

segun<strong>do</strong> John Baines, a maioria da população <strong>do</strong> antigo Egito não tinha acesso ao culto<br />

oficial, precisan<strong>do</strong> recorrer a outros meios – por exemplo, a magia – para equilibrar<br />

situações cotidianas, as quais não se podia controlar materialmente, como por exemplo,

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